Ministro afirma que coronavírus não circula no Brasil, mas eleva classificação de risco
Em entrevista coletiva concedida nesta terça-feira, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tranquilizou a população e informou que não há evidências de que o coronavírus esteja circulando no Brasil.
Segundo o ministro, foram analisados mais de 7.063 rumores no país, dos quais 127 exigiram uma verificação mais profunda. Apenas um caso permanece como suspeito, em Minas Gerais. A paciente está em monitoramento, seu estado de saúde é estável, considerado bom. As pessoas que tiveram contato com a paciente também estão em monitoramento constante pelo Ministério, e a qualquer sinal de infecção respiratória, serão chamadas para testes.
O ministério pediu para que viagens a China sejam feitas apenas em caráter de emergência, já que nesta segunda-feira, a OMS passou a considerar todo o país como um local que fornece risco, mesmo que elas estejam programadas para daqui a alguns meses. “Estamos desaconselhando. Não sabemos qual a característica desse vírus. O equilíbrio dele não está esclarecido, ele guarda letalidade. Não é recomendável que a pessoa se exponha e depois, retornando ao Brasil, exponha outras pessoas ao vírus, até que o quadro esteja mais bem definido”.
Grandes centros de pesquisa do país, como FioCruz, Instituto Adolfo Lutz e Butantan deverão ser empenhados junto a órgãos internacionais para que os testes rápidos e vacinas evoluam mais rapidamente. “O mundo está precisando de um teste rápido e de uma vacina e vamos alinhar o nosso expertise ao esforço internacional”, disse Mandetta. Ele disse ainda que o país não trabalha ainda no desenvolvimento da imunização, mas não descarta que isso possa vir a acontecer.
Segundo os protocolos da Organização Mundial da Saúde (OMS), com a suspeita em Minas Gerais, o Brasil está no nível 2, de perigo iminente, no combate a doença. De acordo com o ministro, o que muda é o grau de vigilância. No caso de confirmação de um caso de coronavírus no Brasil, o país entraria no nível 3, quando é decretado emergência de saúde pública de importância nacional. O uso de materiais de proteção é apenas “uma questão de precaução, que acaba se intensificando para que os profissionais de saúde fiquem protegidos”.
Mandetta tranquilizou a população, e explicou que apesar de assustarem, as terminologias são um padrão da OMS, e o “perigo iminente” quer dizer apenas que o país deve continuar atento e redobrar os cuidados, já que o caso foi importado da China. “Não é momento para pânico. Temos um sistema de vigilância reconhecidamente robusto. Passamos pela Sars, H1N1, Zika, e o sistema de saúde respondeu bem. Vamos aguardar o que a ciência coloca. Não há como antecipar, cancelar aulas ou proibir deslocamentos. A realidade da China é uma. Como esse quadro vai se comportar em outras sociedades, não está claro ainda”.
Quanto a família que está sob suspeita do coronavírus na Tailândia, Mandetta reforça que não é possível transportar os pacientes para o Brasil. “Em uma situação como essa, não orientamos a remoção. O vírus não tem ainda um tratamento específico, então é necessário que se esclareça o caso e depois, se faça a mobilização. É uma situação atípica, mas estamos atentos”. Por ora, os brasileiros que moram em Wuhan também não serão trazidos de volta.
Aumento das suspeitas
Por conta da orientação da OMS, o Ministério passará a observar casos suspeitos de pessoas vindas de qualquer lugar da China, e não só de Wuhan, como era a orientação anterior. Desta forma, é possível que as pessoas tenham a sensação de que os números estejam aumentando. O ministro reitera que essa é uma tendência. “Estamos monitorando os casos suspeitos, agora iremos monitorar quem vem com sintomas de toda a China. Muito provavelmente vai haver uma sensação do aumento dos casos, de suspeitos, mas é por conta desse aumento da área”.
Como ainda não se sabe como o vírus vai se comportar em outros países, ele esclarece que o Brasil continuará trabalhando com as informações sobre o coronavírus adquiridas com a China, como o período de encubação da doença – 14 dias do contato com as regiões mais afetadas até o desenvolvimento dos sintomas. “Faltam mais evidências e respostas – e estamos trabalhando nisso – para que a gente possa tomar mais decisões amparadas na ciência. Cada vez vamos ter mais informações.”
Informativo
O governo anunciou que distribuirá, em parceria com a Anvisa, panfletos para todos os passageiros que desembarquem no país vindos de voos internacionais. O informativo trará todas as orientações para que possíveis casos sejam encaminhados mais rápido possível para o serviço de saúde.
A equipe do Ministério da Saúde reforça que está em contato constante com toda a rede de saúde do país, seja ela pública ou particular, para que a qualquer sinal suspeito, o paciente passe por todos os protocolos de segurança estabelecidos.
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