“Não podemos esquecer o resultado nefasto da ditadura”, diz antropólogo sobre apoio à intervenção militar
As manifestações que acontecem por todo país neste domingo (12) apresentam uma forte mobilização de simpatizantes da intervenção militar. Para o professor antropólogo da Unesp Cláudio Bertolli Filhoe, é preciso se conscientizar sobre as consequências do período vivido na ditadura.
Em entrevista à Rádio Jovem Pan, ele afirmou que a socidade está dividida em grupos de interesses, e seria muito importante que houvesse uma tentativa de diálogo mais amplo com cada um desses grupos. “Não podemos negar de maneira alguma que ainda há uma parcela de pessoas que acredita que os militares fariam uma parte melhor no governo, mas não podemos esquecer o resultado nefasto da ditadura”, diz.
Na sua visão, o descontentamento popular vem acontecendo desde 2013, quando surgiram os protestos em razão do aumento das tarifas de transporte público. “Desde 2013 a sociedade está se mobilizando e pedindo por medidas. Contudo, o governo, ao invés de solucionar alguns problemas, está aumentando a tensão”, diz.
O docente ainda opinou sobre a diferença de pessoas presentes nas manifestações desse dia 12 de abril e as que ocorreram no dia 15 de março. “Temos uma situação cada vez mais complicada. Nós observamos uma dificuldade grande em ambas às partes de chegar a um ponto em comum”, afirma.
Perguntado sobre a dificuldade do governo em tomar uma posição oficial em relação aos protestos, o antropólogo afirmou que há um desgaste entre as partes. “O governo está desgastado perante a sociedade, e isso não se deve ao radicalismo popular. O problema é que as propostas feitas são muito mal colocadas em prática, e o povo revida com os panelaços”, explicou.
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