‘Não proibimos, mas também não recomendamos’, diz diretor do Sírio-Libanês sobre cloroquina

  • Por Jovem Pan
  • 24/04/2020 11h27 - Atualizado em 24/04/2020 11h28
MAURO SCROBOGNA/DIA ESPORTIVO/ESTADÃO CONTEÚDO Paciente internado na Itália O Hospital Sírio-Libanês, de acordo com ele, começou a lidar com a doença em meados do mês de março

O diretor-geral do Hospital Sírio-Libanês, Paulo Chap Chap, avalia que a pandemia do novo coronavírus vai atingir várias regiões do Brasil de formas diferentes.

Em entrevista à Jovem Pan, Chap Chap afirmou que onde o isolamento foi aceito pela população o sistema de saúde teve mais tempo para se preparar — portanto o impacto pode ser mais leve.

Quanto ao uso da cloroquina no combate ao coronavírus, o diretor-geral do Sírio disse que o hospital está passando por estudos de diversos tratamentos. “Porém, hoje, ainda não existem dados que confirmem a cloroquina como agente benéfico aos pacientes.”

Portanto, de acordo com ele, a decisão de administrar ou não o medicamento na unidade cabe as equipes médicas. “Fica na decisão de cada equipe médica em contato com o paciente e familiares. Não proibimos, mas também não recomendamos.”

Mesmo assim, o uso do remédio, quando é feito, é com muita cautela. “Mesmo em curto período de tempo tivemos que suspender o uso do remédio em alguns pacientes porque vimos toxidades importante, cardíacas e hepáticas, com potencial de mortalidade.”

Coronavírus

Chap Chap ressaltou que nenhum sistema de saúde do mundo está preparado para receber uma pandemia como essa. “Nem em estrutura, nem em pessoal.”

“Naquelas localidades que conseguimos implementar afastamento adequado, operando apenas o essencial e ainda assim com proteção individual adequada, crescemos em infraestrutura e poderemos lidar com a pandemia sem estado de calamidade.”

O Hospital Sírio-Libanês, de acordo com ele, começou a lidar com a doença em meados do mês de março.  “Criamos fluxos e espaços com profissionais adequados. Quem chegava com sintomas entrava por outra porta, andava por outro elevador. Isso foi feito também nos hospitais públicos que estão sob nossa responsabilidade.”

Segundo ele, no Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, por exemplo, várias crianças foram para a UTI, mas não houveram mortes. Nas unidades do Sírio Libanês foram registrados nove óbitos. “Três deles tinham câncer em estágio avançado e outros seis tinham ou comorbidades ou idade avançada.”

Paulo Chap Chap lidera um grupo de especialistas reunidos pelo Itau Unibanco para colaborar no combate a covid-19.

De acordo com ele são quatro pilares considerados na hora de definir as ações: informação, para que o enfrentamento aconteça sem pânico; proteção, principalmente de quem trabalha na linha de frente do combate à doença; cuidar, se baseando no compartilhamento dos melhores protocolos; e retornar, que prepara a população para uma retomada pós crise.

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