Não sei até que ponto pressão popular terá efeito em eleição da Assembleia Legislativa de SP, diz Janaína Paschoal

  • Por Jovem Pan
  • 12/03/2019 17h47 - Atualizado em 12/03/2019 18h07
BRUNO ROCHA/ESTADÃO CONTEÚDO Deputada Janaina Paschoal falando em microfone. O rosto está focado, de perfil, a boca aberta e os cabelos longos e lisos para trás. Usa blusa de renda azul Deputada eleita concedeu entrevista ao 'Jovem Pan Agora', que estreou nesta terça

Candidata à presidência da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), a deputada eleita Janaína Pachoal (PSL) afirmou nesta terça-feira (12) que “não sabe” se a “pressão popular” vai influenciar a votação da mesa diretora do parlamento estadual, marcada para sexta (15). Ela concedeu entrevista ao Jovem Pan Agora, que estreou nesta tarde.

“Eu não sei até que ponto a pressão popular vai ter efeito”, disse. Ela exemplificou a fala com a eleição de Davi Alcolumbre (DEM-AP) para a presidência do Senado. “Ele não é alguém que vem de fora [da política]. Não queríamos o Renan [Calheiros, do MDB-AL], mas não fizemos pressão pelo Davi. Fizemos pressão contra o Renan.”

Essa pressão pública contra o emedebista, segundo ela, acabou beneficiando o opositor mais forte, que no caso foi Alcolumbre, que “é do sistema” – já que tem mandato desde 2015, não tendo sido submetido ao voto em outubro passado. A avaliação de Janaína é que ela própria é “alguém de fora, com formação jurídica” e “cri-cri”.

A deputada ainda aproveitou para criticar o concorrente Cauê Macris (PSDB) – atual presidente da Casa. Denúncias reveleram que ele recebeu R$ 103,5 mil em doações de campanha feitas por servidores nomeados por ele na Alesp. Ele é favorito na disputa deste ano. “Como é que você dá exemplo aos que estão chegando? Não dá. Tudo isso está explícito e ninguém dá explicação. Ele não atende a imprensa.”

‘Há temor de eu chegar à mesa diretora’

A deputada eleita, que assume o posto também na sexta-feira, disse que sente haver “temor” de que ela chegue não só à presidência, mas à mesa diretora do parlamento estadual. “Ofereceram a CCJ [Comissão de Constituição e Justiça] com a condição de desistir da disputa. Interpreto isso como um medo de ter acesso aos documentos da Casa.”

“Se há temor, [isso] me deixa mais atiçada para continuar. Se estão escondendo tanto, é porque alguma coisa tem. A gente está insistindo nisso”, afirmou. Ela ainda criticou o que chamou de “triunvirato” do poder na casa, formado por “PT, PSDB e DEM”, que estariam se mantendo em posições para garantir poder político no estado.

“Essas reações [contrárias à candidatura] me fazem lembrar muito do cartel”, comentou, se referindo a prática em que concorrentes se unem para, por meio da fixação de determinadas regras, todos sejam beneficiados. “É muito comum, quando alguém tenta quebrar o cartel, ter reações das mais diversas. Eu comecei a sentir uma reação forte.”

Janaína Paschoal disse que estudou o regimento da Alesp para assumir o cargo. “Mas acho que fiz uma coisa mais interessante. Assim que saiu o resultado da eleição, comecei a frequentar a Assembleia. Fui visitar setores, ouvir os funcionários, procurei conversar com alguns deputados. Comecei a fazer um diagnostico do que estava ruim.”

De acordo com ela, os deputados com os quais conversou, mesmo que não pertencentes à bancada do PSL, “concordaram” com as ideias dela. “Mas eles dizem que não vão votar em mim, porque o partido decide [quem os deputados devem apoiar]. Muitos mostram desconforto com as decisões partidárias, que não vêm do líder, mas de cima.”

‘Não serei líder se não for eleita’

Cauê Macris é visto como favorito na disputa presidencial da Alesp. Entretanto, Janaína não descarta uma possível vitória. Caso a eleição não ocorra, ela não vai comandar a bancada do Partido Social Liberal na Casa. “Eu não serei a líder se não for eleita presidente”, revelou. Essa decisão, segundo ela, foi definida pelos deputados da sigla.

Ela ainda elogiou Major Olímpio (PSL-SP), que comanda a legenda em nível estadual. “Ele é um bom presidente porque não se mete em nada.” A futura parlamentar ainda contou que o agora senador só foi convidado para uma reunião da bancada paulista, somente após deliberações locais, e demonstrou apoio às decisões.

‘Não seremos oposição cega’

Em relação ao governador de São Paulo, João Doria, que é filiado ao PSDB – mesmo partido de Macris, que concorrente na disputa interna da Assembleia Legislativa -, Janaína Paschoal disse que a posição da bancada do PSL “vai ser de apoio ao que for bom” e vier da gestão estadual. “Se vier um projeto ruim, a gente vai trabalhar contra. Não seremos oposição cega, porque isso é ruim para o estado.”

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