Nelson Jobim será o responsável pelas relações institucionais do BTG

  • Por Estadão Conteúdo
  • 27/07/2016 09h25
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EFE Nelson Jobim

O ex-ministro e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim tornou-se sócio e membro do conselho de administração do BTG Pactual. O banco de investimento anunciou, nesta terça-feira, 26, que Jobim será responsável pelas relações institucionais e políticas de compliance da instituição, comandada até novembro passado pelo banqueiro André Esteves. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o BTG deverá anunciar, na próxima semana, mais um membro independente ao conselho.

Esteves foi preso no dia 25 de novembro do ano passado, acusado de obstruir as investigações da Operação Lava Jato, que apura esquema de corrupção na Petrobras. O banqueiro, que foi solto em dezembro, teve seu nome envolvido em conversa gravada entre o então senador petista Delcídio Amaral e o filho de Nelson Cerveró, ex-diretor da estatal. Em abril passado, Esteves, que cumpria prisão domiciliar, obteve autorização do STF para voltar ao banco.

Com um bom trânsito em Brasília, Jobim foi convidado para integrar o conselho de administração do BTG Pactual e dar peso à área jurídica do banco, que vai ampliar seus quadros e tem buscado nomes de fora do mercado financeiro, apurou o Estado. Antes de ser preso, Esteves acumulava informalmente a função de relações institucionais do banco, que agora será responsabilidade de Jobim.

O jurista tem um bom relacionamento com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi ministro da Defesa entre 2007 e 2011. Antes de ter participado do governo PT, havia sido ministro da Justiça no primeiro mandato da gestão de Fernando Henrique Cardoso entre 1995 e 1997. Foi FHC quem indicou o jurista a uma vaga no STF. Jobim também é próximo do senador tucano José Serra, atual ministro de Relações Exteriores. 

Além disso, Jobim ainda circula com desenvoltura no STF, onde atuou de 1997 a 2006, e demais tribunais superiores. Isso o credenciou ao papel de articulador entre os universos político e jurídico, antes desempenhado pelo também ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, falecido em 2014.

Jobim também tem contatos no meio empresarial. Desde o início da Lava Jato, foi contratado pelas empreiteiras OAS, Odebrecht e Camargo Corrêa para elaborar pareceres independentes, não necessariamente vinculados às investigações. 

Em comunicado, o presidente do conselho de administração do BTG, Persio Arida, afirmou que a chegada de Jobim “é mais um importante passo em direção ao aprimoramento da gestão do BTG Pactual. Sua notável trajetória, experiência e conhecimento contribuirão para aperfeiçoar ainda mais a governança do banco”

Hoje também fazem parte do conselho, além de Arida, os executivos John Huw Jenkins (ex-UBS e sócio do BTG desde 2008), que é vice-presidente do colegiado; os sócios Marcelo Kalim e Roberto Sallouti, copresidentes do banco. Já Claudio Galeazzi, conhecido por ser um dos principais reestruturadores de empresas em dificuldades financeiras, e Mark Maletz, de Harvard, são membros independentes. 

Encolhimento

Com a prisão de Esteves, o banco de investimento foi obrigado a fazer uma ampla reestruturação e passou por um verdadeiro desmanche, com a venda de cerca de R$ 20 bilhões em ativos, segundo estimativas do mercado. 

No auge da crise, na semana de prisão de Esteves, o BTG recorreu ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que concedeu linha de crédito de R$ 6 bilhões ao banco, e teve de vender às pressas empresas que faziam parte do portfólio de seu portfólio de investimentos, entre elas a Rede D’Or, para fazer caixa. 

Além disso, vendeu o banco suíço BSI, uma aquisição considerada emblemática por ter sido o mais importante passo de internacionalização do banco. A compra havia sido feita um ano antes de a crise se instalar na instituição.

O banco enxugou seu portfólio drasticamente e continuará o movimento, segundo fontes. Uma preocupação atual dos principais sócios, que deram seu patrimônio em garantia na época aguda da crise, é buscar uma blindagem maior contra fatores que podem representar riscos à operação.

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