‘Me associar a isso é brincadeira’, diz Bolsonaro sobre caso de militar preso
“Me associar ao episódio de ontem é brincadeira, não vou nem responder isso aí”, afirmou o presidente Jair Bolsonaro, em transmissão ao vivo feita nesta quinta-feira (27), sobre o caso do militar preso com 39kg de cocaína no avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Ele ressaltou ainda que foi apenas uma coincidência o fato ter acontecido um dia antes de sua viagem ao Japão, onde participa da cúpula do G-20.
O presidente fez a live acompanhado do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, e do secretário-executivo do Itamaraty, Otávio Brandelli. Na noite de ontem, a fala de Heleno sobre o caso, em que chamou a prisão de “falta de sorte”, causou polêmica, mas, de acordo com ele, a declaração foi “distorcida de forma covarde”.
“Perguntaram se aquele fato do Brasil sobre drogas iria influenciar no G20 e eu falei que era falta de sorte. Aí disseram que eu tinha dito que o militar tinha tido falta de sorte. Queria dizer que a data foi ruim, porque coincidiu com o evento de maior importância”, explicou.
Bolsonaro, por fim, brincou que o sargento “realmente deu azar”. “Na primeira viagem nossa, deu azar, nas outras viajou à vontade. É bom o pessoal ‘já ir’ se acostumando porque com a gente é assim”, disse, fazendo um conhecido trocadilho com seu nome.
Em entrevista coletiva na tarde de hoje, o porta-voz do Comando da Aeronáutica, Major Aviador Daniel Rodrigues Oliveira, disse que a FAB irá investigar se o militar preso passou por procedimentos de segurança, como raio-x.
De acordo com Bolsonaro, “se tivesse acontecido no seu avião, seria uma falha”, já que todos precisam passar por revista. “Lamento porque parece que ele está há um tempo envolvido nisso, porque ninguém numa primeira viagem coloca 30kg de entorpecente”, declarou. “A polícia vai chegar naqueles que realmente interessam pra gente. Se fosse na Indonésia, teria pena de morte”, completou.
Discussão com Merkel
Mais cedo, a chanceler alemã Angela Merkel criticou Bolsonaro em relação ao desmatamento no Brasil e afirmou que, se tiver a oportunidade, vai tentar ter essa discussão com ele durante o encontro da cúpula G20. E o presidente não gostou. Na transmissão ao vivo, disse “esperar não ter problemas [no encontro do G-20] quando [alguém] vier tratar de meio ambiente e preservação ambiental”.
“Ninguém vai dar pito no presidente Jair Bolsonaro. Eu represento o Brasil e ponto. Quem quiser discutir preservação ambiental, estamos prontos pra discutir”, pontuou, completando que o Brasil é o país que mais preserva e um “dos que menos usa agrotóxicos.”
Desconto sindical em folha
O presidente lamentou ainda que, nesta sexta-feira (28), caduca a medida provisória (MP) que propunha acabar com o desconto sindical na folha de pagamento. “Infelizmente, a partir de amanhã, os sindicatos voltam a receber esse dinheiro. Isso dá aproximadamente 3 bilhões por ano na mão dos sindicatos”, declarou.
Bolsonaro reconheceu que alguns sindicatos fazem um bom trabalho, mas criticou outros que, de acordo com ele, usam o dinheiro para promover “balbúrdia”. “É lamentável essa decisão por parte de alguns líderes que agiram desta forma.”
Entrada na OCDE
O presidente informou também que, além da reunião com a cúpula do G20, se reunirá com o diretor-geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Conforme Brandelli, “o Brasil está nesse processo de aproximação e adesão à OCDE, que ancora a economia do país nos principais padrões mundiais”.
Bolsonaro lembrou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apoiou a entrada do Brasil na organização. Entretanto, disse que a decisão também “depende de outros integrantes”, mas “o sentimento é que ninguém é contra a entrada do país”.
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