No Rio de Janeiro, uma única certeza: Eduardo Paes foi o grande perdedor
As eleições no Rio de Janeiro levaram ao segundo turno o bispo Marcelo Crivella (PRB) e o socialista Marcelo Freixo (PSOL). O pleito teve também um grande derrotado: o peemedebista Eduardo Paes, atual prefeito da cidade, que viu naufragar sua aposta no secretário Pedro Paulo.
Crivella garantiu sua passagem para o segundo turno com 27,78% dos votos válidos. Mas ele tem motivos para se preocupar. Pouco mais de uma semana antes das eleições, ele chegou a registrar 35% das intenções de voto nas pesquisas. Sua trajetória na reta final da campanha foi, portanto, descendente. E não é certo que ele herde automaticamente para o segundo turno os votos de candidatos ditos “conservadores”, como Pedro Paulo (PMDB), Flávio Bolsonaro (PSC) e Índio da Costa (PSD), uma vez que a ligação de Crivella com a Igreja Universal repele parte desse eleitorado.
Marcelo Freixo obteve 18,26% dos votos e pode se gabar de um feito. Ele mostra que as chamadas “candidaturas de opinião” – aquelas calcadas num posicionamento ideológico claro e intransigente – podem ter mais espaço em campanhas com recursos limitados e propaganda eleitoral de formato mais modesto, como a de 2016. Freixo tinha apenas 11 segundos diários na televisão. Crivella, para efeito de comparação, tinha um minuto a mais.
Freixo também conseguiu se sobrepor à comunista Jandira Feghali (PCdoB), que contava com apoio do PT. Dado o fracasso acachapante do PT nas principais capitais e a crise de imagem que o partido sofre por causa dos escândalos de corrupção, abre-se uma oportunidade para o PSOL tentar desafiar a legenda de Lula na disputa pela preferência do eleitor de esquerda. O partido chegou ao segundo turno em outra capital, Belém do Pará, com Edmilson Rodrigues.
Mesmo se não se eleger, Freixo terá o que comemorar. A situação é inversa para Eduardo Paes e seu partido, o PMDB. Paes tem pretensões presidenciais. A realização das Olimpíadas lhe deu cacife para pleitear a candidatura pelo PMDB em 2018. Mas a derrota de Pedro Paulo configura um revés. É verdade que Pedro Paulo foi derrotado, sobretudo, por seus próprios deméritos. Seus adversários exploraram fartamente o episódio de agressão do candidato à sua ex-mulher, e ele não conseguiu se desvencilhar dessa pecha. Vai pesar sobre Paes, no entanto, o apoio incondicional a um candidato cuja fraqueza já havia se manifestado no período pré-eleitoral.
O que prever para o Rio de Janeiro? Melhor não fazer apostas. Na capital carioca, vale com força a máxima dos cientistas políticos, segundo a qual o segundo turno é sempre uma nova eleição.
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