Nos EUA, governo fala em ‘segurança jurídica’

  • Por Estadão Conteúdo
  • 20/09/2016 08h47
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Marcelo Camargo/Agência Brasil Moreira Franco

Investidores dos Estados Unidos que participaram, na última segunda-feira, 19, de reuniões reservadas com ministros do presidente Michel Temer, em Nova York, para apresentar o programa de concessões fizeram uma avaliação positiva das conversas, elogiando mudanças propostas pelo governo brasileiro. Eles ressaltaram, porém, que faltam detalhes sobre alguns dos projetos previstos para ir a leilão e mostraram preocupação com os programas anteriores, segundo participantes ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Um ponto positivo destacado pelos investidores é que os ministros de Temer ressaltaram que o programa de concessões vai ajudar o ajuste fiscal brasileiro. “O maior problema econômico do Brasil é o ajuste fiscal e, sem ele, não vamos chegar a lugar nenhum. A taxa de juros não cai”, afirmou a jornalistas o secretário do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco. 

O ministro disse que o objetivo do governo é mostrar que o ambiente econômico e de regras no Brasil está mudando. Os projetos de infraestrutura terão segurança jurídica e previsibilidade. “Não queremos fazer pirotecnia com as concessões”, afirmou. “Estamos buscando dar previsibilidade. Temos feito esforço para garantir o ambiente de concorrência”.

As conversas foram organizadas no elegante hotel Plaza Athénée, onde Temer está hospedado, pelo Citigroup e Bank of America. Há uma nova rodada de conversas, nestas terça e quarta-feira, 20 e 21, quando o presidente tem reunião reservada com empresários e depois discursará em almoço com analistas de Wall Street.

Capital externo

Um dos participantes frisou como ponto positivo a intenção do governo de reduzir a participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no financiamento das obras de infraestrutura. Segundo este gestor de um grande banco dos EUA, o governo falou que a intenção é reduzir para a casa de 50% a fatia da instituição pública e buscar o restante no mercado de capitais, incluindo o internacional. No modelo de concessão do governo anterior, a maior parte do financiamento ficava com o BNDES, com juros subsidiados, e os estrangeiros tinham pouco espaço para entrar com capital. 

Os investidores elogiaram a intenção do governo de deixar as taxas de rentabilidade serem definidas pelo mercado. Mas alguns participantes saíram frustrados do encontro com a falta de detalhes sobre a estruturação dos projetos e os efeitos das concessões feitas nos governos anteriores nas atuais. “É claro que a instabilidade preocupa. A confiança é a base do jogo. Estamos remodelando os programas para os problemas que aconteceram nas primeiras concessões não aconteçam nesta”, disse o ministro dos Transportes, Maurício Quintella.

Impeachment

Os ministros de Temer, disseram os presentes, mencionaram nas apresentações o momento de transição da economia. O governo se esforçou para reforçar o compromisso com a segurança jurídica. “Nas conversas se falou mais do momento de transição do que do passado recente”, disse um gestor de um fundo em Wall Street ao ser questionado se o impeachment da presidente Dilma Rousseff foi discutido.

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