Número de socorridos por acidentes de trânsito em SP aumenta 18,9%
O número de pessoas socorridas em prontos-socorros da Prefeitura de São Paulo por causa de acidentes de trânsito cresceu 18,9% entre janeiro e julho deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado, conforme dados da própria Secretaria Municipal de Saúde. É a primeira vez que esse índice aumenta desde 2014. Especialistas defendem que as causas do aumento do atendimento nos PSs sejam investigadas.
Nos sete primeiros meses do ano, 6.118 pessoas ficaram feridas em acidentes. No mesmo período de 2016, foram 5.146. A Prefeitura afirma não ser possível relacionar essa estatística à elevação de acidentes na capital (mais informações nesta página) porque parte das ocorrências pode ter sido fora da cidade.
O dado se refere ao total de atendimento nos hospitais e não detalha o número de mortos. Também não inclui quem se feriu em acidentes e foi socorrido em hospitais particulares ou da rede estadual e federal.
Os centros médicos da zona sul são os que mais registram atendimentos. Quem lidera é o Jabaquara, com 930 registros. Na região, há ainda Capela do Socorro, com 921. Mas os extremos da zona leste também têm concentração de casos: Ermelino Matarazzo relata 835 pacientes e Itaim Paulista, 543.
Os números são fornecidos pela Secretaria da Saúde por meio do sistema Tabnet, que contabiliza as entradas de pacientes, de todas as enfermidades, para fins de controle e de financiamento de recursos por parte do Sistema Único de Saúde (SUS), do governo federal.
O médico Aly Said Yassine, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), afirma que os acidentes de trânsito são uma enfermidade “evitável”. “Se há um aumento, uma das possibilidade é que a prevenção está falhando”, afirma. “E a prevenção é uma fiscalização maior, especialmente nos pontos mapeados como de grande ocorrência de acidentes, além de controle maior da velocidade dos automóveis.”
Segundo ele, isso traz demanda maior de pessoal e de recursos dos hospitais. “A consequência desse aumento é que pacientes com outras doenças, como vítimas de enfarte ou derrame, ficam com o atendimento prejudicado diante da demanda requerida pelas vítimas do trânsito”, destaca Yassine.
Aumento
Os dados da Secretaria de Saúde seguem a mesma tendência apontada em estatísticas fornecidas por outros órgãos públicos, como as Polícias Civil e Militar, que têm registrado alta de mortes no trânsito. A Prefeitura tem evitado comentar esses dados, sob argumento de que são produzidos por outros órgãos.
A Polícia Civil registrou na cidade, entre janeiro e junho, 264 casos de homicídio culposo por acidente de trânsito (quando uma pessoa mata outra em um atropelamento, por exemplo). No ano passado, no mesmo período, foram 200 ocorrências – aumento de 32% nos registros.
Já o Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo (Infosiga), mantido pelo governo estadual, indica que, em julho, houve 10% mais mortes no trânsito (de 66 no ano passado para 70 em 2017). No apanhado do ano, a alta é de 1,2%.
Causas
Luiz Célio Bottura, ombudsman da Companhia de Engenharia de Tráfego durante a gestão Gilberto Kassab (PSD), afirma que as regiões periféricas sofrem mais com ruas esburacadas, falta de sinalização e de agentes de trânsito. Ele aponta também o problema das panes dos semáforos como possível explicação para o aumento de feridos no trânsito.
O professor do Departamento de Transportes da Universidade de São Paulo (USP) Claudio Barbieri da Cunha sugere as mesmas hipóteses para o aumento de vítimas, mas destaca a necessidade de estudos mais profundos sobre o assunto. “Para isso, a CET precisa ser mais transparente na divulgação de seus dados.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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