O atual sistema proporcional de votação é medonho, garante Serra
Na última quinta-feira (10), a Comissão Especial para a reforma política na Câmara dos Deputados, aprovou o “distritão” como modelo eleitoral. No entanto, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) alega que há dificuldades para organizar a nova eleição já a partir de 2018. Então, a tendência é que o novo sistema seja adotado apenas nas eleições municipais de 2020.
Em entrevista à Jovem Pan, o senador José Serra (PSDB-SP) explicou que esse pode ser um passo para o cenário considerado ideal, o voto “distrital misto”. “No Brasil seria uma verdadeira revolução política se nos implantássemos o sistema distrital misto para deputado e vereador. Por exemplo, a cidade de São Paulo poderia ser dividida em distritos e cada localidade teria seu representante eleito. Ou seja, o eleitor estaria próximo e poderia cobrar o candidato no futuro. Ele votaria no candidato e no partido, o que faria o custo da campanha cair para até cinco vezes”, disse o senador.
De acordo com Serra, o maior problema do atual sistema político brasileiro é o alto custo das campanhas, uma vez que o os candidatos disputam votos em todo o estado. Mas quando eleitos não estão próximos de quem o elegeu. “Se perguntarmos para as pessoas quem elas elegeram para deputado, na última eleição, 70% não sabe. O distrital misto tem um bom clima para ser aprovado. Só que não dá para fazer no ano que vem porque os deputados já estão se preparando para a eleição no sistema atual proporcional”, afirmou.
O senador acrescentou que a forma mais viável, mesmo que ainda demorada, é a implantação do sistema distrital misto nas eleições municipais de 2020, nos locais mais de 200 mil habitantes. “É melhor ter daqui quatro anos do que não ter nunca. Eu defendo o distrital misto desde que cheguei ao Congresso, nos anos 80. Em política é preciso ter uma certa paciência. O sistema atual proporcional é medonho. Precisamos nos livrar disso”.
Para o parlamentar o modelo vigente de votação beneficia as legendas, que maximizam o número de candidatos, os chamados nanicos, e elegem os “puxadores de votos”.
Distrital puro não é a solução
Questionado sobre as preferências entre o modelo de votação distrital puro e o misto, o senador destacou que o primeiro não traz representatividade aos partidos, enquanto o segundo tem sido adotado em diversas países da Europa. “O puro não passa. Porque ficaria exclusivamente com candidatos locais no Brasil inteiro. A gente precisa fazer algo que passe. A experiencia com o misto na Alemanha, por exemplo, é brilhante. A Itália, que é centenariamente parlamentarista, também está mudando para o sistema parecido. Já na Inglaterra, que você tem o puro, alguns partidos tiveram 25% dos votos e não fizeram nenhum deputado. Por isso, que é fundamental ter o voto no partido”
Serra também enalteceu que a adoção pelo voto distrital misto seria o início de uma transição ao parlamentarismo, considerado por ele o sistema ideal de governo. “Esse é um regime onde quem governa no dia a dia é o primeiro ministro, que obrigatoriamente tem maioria na Câmara. Há dúvidas se os deputados mandariam mais do que devem, mas hoje eles já mandam muito e não o fazem com a mesma responsabilidade que teriam se fosse no parlamentarismo. Curiosamente, no parlamentarismo o congresso tem que ser melhor”, pontuou.
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