“O governo tem que reconhecer seus erros”, afirma cientista político
Em entrevista à Rádio Jovem Pan neste domingo, 15, durante as manifestações que levaram milhares de pessoas as ruas, o cientista político da USP, Professor José Álvaro Moisés, analisou o clima político do país e afirmou que o primeiro passo que a presidente Dilma pode dar para reverter a situação é reconhecer os erros de seu governo.
“Ela (presidente Dilma) tem que mudar sua postura radicalmente, primeira coisa a fazer é vir a público e admitir que errou; em alguns momento é preciso que lideres peçam desculpas a população: ‘nós erramos!’”, afirmou o cientista político. “Acho que o governo tem que reconhecer os erros, tem que se explicar. Se não fizer isso, vai perder principalmente legitimidade”, completou.
O professor da USP ressaltou que é importante que o governo entenda o recado vindo das ruas: “o mínimo que o governo pode fazer é recolher o sinal que a manifestação deu; o sentimento de indignação e de mudança de muita gente no Brasil. Mudança em relação à corrupção, politicas públicas. O governo precisa entender o que está acontecendo no Brasil”, explicou. Moisés ainda completou: “é um recado muito duro ao governo, em relação ao seu comportamento, corrupção e principalmente politicas públicas”.
José Álvaro Moisés destacou também o movimento de parte dos manifestantes que clamam por uma intervenção militar, e afirmou que as manifestações de hoje só ocorreram porque há espaço democrático para isso: “não concordo com muitas coisas que vi na Paulista. Pedido de intervenção militar, por exemplo. As manifestações só estão ocorrendo porque vivemos uma democracia. A intervenção militar impediria o que estamos vendo hoje”.
Moisés finalizou afirmando que a presidente Dilma e o PT podem continuar seu governo sem apoio, tanto dos aliados quanto da população. “Existe um tensão entre posições da presidente e a maneira com o PT reage, principalmente questões relacionados às medidas fiscais. Tem uma posição de um segmento do PT que não é capaz de entender que algumas medidas duras terão de ser tomadas. Essa tensão existe e é difícil antecipar se a presidente Dilma será capaz de resolver esse problema. Ela não tem sido capaz, até agora, nem de manter a relação de sua base de apoio é muito grande. O governo pode ficar até o fim, mas sem ter nenhum apoio moral e sem nenhum apoio para aplicar seu programa”, finalizou.
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