Ofensiva contra PT é uma “campanha de cerco e aniquilamento”, declara Rui Falcão
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, fará na noite desta quinta-feira (11) o discurso de abertura do 5º Congresso Nacional do partido em Salvador, na Bahia.
Em sua fala, a que a Jovem Pan obteve acesso, ele destaca que o Partido dos Trabalhadores está sob forte ataque e que “a ofensiva de agora é uma campanha de cerco e aniquilamento”. “Como já tentaram no passado, querem acabar com a nossa raça. Para isso, vale tudo. Inclusive, criminalizar o PT — quem sabe até toda a esquerda e os movimentos sociais — para, ao final, cassar o registro do nosso partido”, diz.
Segundo ele, a perseguição ao partido vem das virtudes e não dos erros e exalta a retirada de 36 milhões de brasileiros da miséria extrema, além do ingresso de negros e pobres nas universidades. “Maus perdedores no jogo democrático, querem fazer do PT bode expiatório da corrupção nacional e de dificuldades passageiras da economia, em um contexto adverso de crise mundial prolongada”.
Investigações
Rui Falcão destaca no texto que a corrupção no Brasil nunca foi tão investigada e punida. “O PT é favorável a investigar todos os ilícitos e desvios em governos e empresas: da Petrobrás ao mensalão tucano de Minas Gerais; do cartel do Metrô de São Paulo à sonegação de impostos da Operação Zelotes. Mas que se faça com o maior rigor, sem seletividade, para punir corruptos e corruptores, nos marcos do Estado Democrático de Direito”, destaca.
Ele pede ainda que o partido saia da defensiva e retome a iniciativa política de modo que se mobilize a militância contra os que tentam “destruir” o PT. “Não dá para ficarmos passivos, de cabeça baixa, enquanto nossos inimigos, valendo-se de grandes recursos midiáticos, transformam o boato em notícia, a suspeita em denúncia, a calúnia em verdade. Omitem ou escondem, seletivamente, as denúncias contra os partidos que os servem”.
No entanto, Rui Falcão declara que o partido deve assumir “com humildade” suas responsabilidades e corrigir seus rumos com transparência e coragem.
A atuação do PT
O presidente nacional do PT ressalta que se quer um partido que pratique a política no “quotidiano, presente na vida do povo, de suas agruras e vicissitudes”. Para isso, ele acrescenta que o PT deve atuar não apenas no momento das eleições, mas, principalmente, no dia-a-dia de todos os trabalhadores, pois só assim será possível construir uma nova forma de democracia, cujas raízes estejam nas organizações de base da sociedade e cujas decisões sejam tomadas pelas maiorias”.
Retomada do crescimento da economia
Rui Falcão declara no texto que o partido apoia as decisões da presidente Dilma Rousseff, mas diz considerar “vital” que o custo de retificação das contas públicas recaia “sobre quem mais tem condições de arcar com o custo do ajuste”. Segundo ele, “é inconcebível uma política econômica que seja firme com os fracos e frouxa com os fortes”.
Ele, em nome do partido, não acredita que é possível retomar o crescimento provocando uma recessão e destaca a “coragem” de Dilma. “Não há nenhuma fatalidade que obrigue povos ou governos a capitularem diante das pressões do mercado, ou seja, dos bancos e do grande capital que dominam o planeta. É preciso ter coragem política – e a nossa presidenta a tem de sobra — , vontade de resistir e de buscar alternativas, adotando as providências necessárias para fazê-los recuar”.
A reforma política
Rui Falcão destaca a necessidade da convocação de uma Assembleia Constituinte Exclusiva, de modo a realizar uma mudança do atual sistema político eleitoral. “Nela, queremos defender nossa proposta do financiamento público exclusivo, do voto em lista com paridade de gênero e da ampliação da participação popular na definição e execução das políticas públicas”.
Ele declara ainda que é preciso barrar a constitucionalização do financiamento, aprovado em primeira votação na Câmara dos Deputados.
Em defesa do PT
O presidente nacional do partido diz estar “convencido de que, no momento atual, o PT precisa concentrar o melhor de suas energias na defesa do partido”. Ele cita ainda a nova fase do Programa de Investimentos em Logística, anunciado no último dia 9 pela presidente Dilma.
“Quero repetir com ênfase: um novo pacto do campo democrático-popular é indispensável para disputar as ruas e as instituições com o bloco conservador”.
Financiamento empresarial de campanha
Rui Falcão declara que, mesmo defendendo o financiamento público, ” o PT praticou, nos últimos anos, o que a legislação autoriza”. Segundo ele, todas as contribuições recebidas de empresas estavam dentro da lei e foram declaradas à Justiça Eleitoral.
“Fizemos campanhas caras, tão caras quanto as de outros partidos que outros nos criticam, tentando nos sujar com a lama de sua própria hipocrisia”. De acordo com ele, enquanto o financiamento público de campanha não está viabilizado, o PT recusa doações de empresas para a sustentação dos diretórios.
“Essa foi uma decisão difícil de tomar, mas dar o exemplo é o mais forte dos argumentos, na política e na vida. Foi um passo necessário que vai nos diferenciar novamente das estruturas viciadas do sistema político que o PT nasceu para modificar”.
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