Óleo no Nordeste: Marinha investiga 30 navios de dez países diferentes

A Marinha trabalha com a hipótese de um incidente envolvendo um ‘dark ship’ que não foi comunicado. Empresas, instituições estrangeiras e onze autoridades marítimas estão apoiando o Brasil nas investigações

  • Por Jovem Pan
  • 22/10/2019 15h05 - Atualizado em 22/10/2019 15h14
CARLOS EZEQUIEL VANNONI/AGÊNCIA PIXEL PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO óleo Óleo no litoral do Nordeste tem sido limpo por voluntários, equipes do Ministério do Meio Ambiente e das Forças Armadas, além de secretarias estaduais e municipais

O comandante da Marinha, Ilques Barbosa, disse nesta terça-feira (22) que o governo está concentrando as investigações sobre a origem do óleo nas praias do Nordeste em 30 navios de dez países diferentes. Para ele, a maior probabilidade é que o vazamento tenha partido de um navio irregular, chamado de dark ship. “Nós saímos de mil navios, para 30 navios”, disse, após reunião com o presidente em exercício, Hamilton Mourão, no Palácio do Planalto.

O almirante explicou, entretanto, que as pesquisas se regeneram com novos dados a todo momento e que nenhuma possibilidade foi descartada, mas que os esforços estão concentrados nessa linha de investigação.

“O mais provável é de um dark ship ou um navio que teve um incidente e, infelizmente, não progrediu a informação como deveria”, afirmou, explicando que, por convenção internacional, todo incidente de navegação deve ser informado pelo comandante responsável.

De acordo com Barbosa, empresas e instituições estrangeiras, além de onze autoridades marítimas estão apoiando o Brasil nas investigações. “É um tema que envolve agressão à nossa pátria e como é da nossa tradição, nós vamos encontrar”, disse. “Não posso assegurar se é breve ou longa [o tempo de investigação], mas vamos continuar até onde necessário”, ressaltou.

Um dark ship é um navio que tem seus dados informados às autoridades, mas, em função de qualquer restrição, de embargo que acontece, ele tem uma carga que não pode ser comercializada. Então, segundo o comandante, ele busca vias de comunicação marítimas que não são tão frequentadas, procura se evadir das marinhas de guerra e não alimenta seus sistemas de identificação. “Ele procura as sombras. E essa navegação às sombras produz essa dificuldade de detecção”, explicou.

A quantidade de óleo que já chegou à costa brasileira é muito menor, de acordo com o comandante, do que a capacidade dos navios investigados, em torno de 300 mil toneladas. Até esta segunda-feira (21), foram recolhidas 900 toneladas de resíduos de óleo cru nas praias do Nordeste. No último domingo, a Marinha informou que as manchas de óleo estavam concentradas no Estado de Pernambuco.

Para Barbosa, também é muito pouco provável que o vazamento tenha acontecido em uma transferência de óleo em alto mar, conhecido como ship to ship. “A transferência é uma atividade marinheira de extremo risco. Isso, fazer em mar aberto, onde o mar pode estar em situação adversa, ou pode ficar em situação adversa ao longo do trabalho, não é uma atividade que os armadores, proprietários de navios, recomendariam. Não seria uma atitude de comandante responsável, muito menos dos armadores”, explicou.

O almirante reforçou que o petróleo encontrado nas praias no Nordeste não tem origem nas bacias brasileiras e que não houve incidente nas plataformas, terminais ou navios da Petrobras.

“O que se sabe pelos cientistas, é que o petróleo é de origem venezuelana. Não quer dizer, que houve em algum momento, e não houve isso, envolvimento de qualquer setor responsável, tanto privado quanto público, da Venezuela nesse assunto”, disse.

O trabalho de investigação da Marinha conta também com o apoio da Polícia Federal. Além disso, outros órgão estão atuando na limpeza das praias, como as equipes do Ministério do Meio Ambiente e das Forças Armadas, além de secretarias estaduais e municipais e voluntários.

*Com informações da Agência Brasil

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