Operação resgata mais de 200 pessoas em situação análoga à escravidão no Rio Grande do Sul

Três homens conseguiram fugir de alojamento e contactar autoridades para relatar a situação que viviam de forma forçada; responsável pela empresa foi preso em flagrante e solto após pagar fiança

  • Por Jovem Pan
  • 24/02/2023 18h59 - Atualizado em 25/02/2023 10h53
Pixabay Escravo Trabalhadores também eram submetidos a violência física, longas jornadas de trabalho e oferta de alimentos estragados

Uma operação do Ministério do Trabalho e Emprego junto à Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Polícia Federal encontrou mais de 200 trabalhadores em condições análogas à escravidão na serra gaúcha, na noite de quarta-feira, 22. Este foi o maior resgate do ano e o maior da história do Rio Grande do Sul. Após fugir de um alojamento na região de Bento Gonçalves, três homens procuraram agentes da PRF em Caxias do Sul para relatar a situação que viviam de forma forçada. Equipes das entidades foram até o local e constataram que havia em torno de 206 homens em situação análoga à escravidão. Os trabalhadores relataram atrasos nos pagamentos dos salários, violência física, longas jornadas de trabalho e oferta de alimentos estragados, segundo a PRF. Além disso, eles eram coagidos a permanecer no local sob pena de pagamento de uma multa por quebra do contrato de trabalho. Os homens eram provenientes, em sua maioria, da Bahia e foram prometidos oportunidades de trabalho no Estado. Eles eram alocados em frigoríficos e vinícolas. O responsável pela empresa contratante, Pedro Augusto de Oliveira Santana, foi preso em flagrante e encaminhado para a Polícia Federal em Caxias do Sul. Posteriormente, ele pagou fiança R$ 40 mil e foi solto. O MTE irá analisar individualmente os direitos trabalhistas de cada trabalhador para a buscar a devida compensação.

Na sexta-feira, 24, autoridades do trabalho fizeram o credenciamento dos trabalhadores para facilitar o processo de pagamento por parte da contratante, a empresa Oliveira & Santana. A organização será responsável por pagar direitos trabalhistas devidos, além de arcar com custos de transporte até o local de origem. Em nota, o advogado Rafael Dorneles da Silva informou que “a empregadora Fênix Serviços de Apoio Administrativo [nome fantasia da Oliveira & Santana] e seus administradores esclarecem que os graves fatos relatados pela fiscalização do trabalho serão esclarecidos em tempo oportuno, no decorrer do processo judicial”. “Informamos que os trabalhadores estão recebendo todo o auxílio necessário para que esta situação não traga maiores prejuízos aos mesmos”, completa o comunicado.

 

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