Operação “Triplo X” da Lava Jato investiga se OAS lavou dinheiro a Vaccari

  • Por Jovem Pan
  • 27/01/2016 12h51

João Vaccari Neto responde perguntas de deputados nesta quinta-feira (09)

Marcelo Camargo/Agência Brasil João Vaccari Neto

A 22ª fase da Operação Lava Jato, batizada de “Triplo X”, iniciada na manhã desta quarta-feira (27) investiga se a empreiteira OAS lavou dinheiro por meio de negócios imobiliários como forma de favorecimento ao ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, preso em abril do ano passado.

A operação cumpre 23 mandados judiciais, sendo seis de prisão temporária e 15 mandados de busca e apreensão e dois de condução coercitiva.

Em SP, a ação ocorre na capital, Santo André e São Bernardo do Campo e, em Santa Catarina, em Joaçaba. A operação apura a existência de estrutura criminosa que visava proporcionar a investigados na operação policial a abertura de empresas offshores e contas no exterior como forma de ocultar o produto dos crimes de corrupção. Cerca de 80 policiais participam da ação que apura os crimes de corrupção, fraude, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

Os seis mandados de prisão temporária têm prazo de cinco dias e podem ser prorrogados pelo mesmo período ou serem convertidas em preventivas. Os presos serão levados para a Superintendência da PF, em Curitiba.

Esta fase da Lava Jato tem como foco a empresa offshore Murray, aberta pela Mossack Fonseca e que detém a propriedade de um triplex no Condomínio solaris, no Guarujá. A construção de uma das torres foi iniciada pela Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo), que já foi anteriormente presidida por Vaccari. Em 2009, diante da crise financeira, a Bancoop transferiu o empreendimento para a empreiteira OAS.

Em outra torre do mesmo condomínio, a OAS tinha reservado um triplex para a família do ex-presidente Lula.

A Polícia Federal prendeu na manhã desta quarta-feira (27) em São Paulo, Nelci Warken, que consta como proprietária do triplex 163 B no Condomínio Solaris, da OAS, no Guarujá. O apartamento que seria do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o tríplex 164 A, na torre vizinha.

A publicitária Nelci Warken prestou serviços de marketing à Bancoop e foi levada para a sede da PF na Lapa, na zona oeste da capital paulista. A força-tarefa da Lava Jato busca agora apurar se Warken utilizou a estrutura da Murray, sediada no Panamá, para ocultar patrimônio e lavar dinheiro em favor de Vaccari e de sua cunhada, Marice Correa de Lima.

Mossack Fonseca

Alvo da Operação Triplo X, deflagrada pela Polícia Federal nesta quarta-feira, 27, a offshore Mossack Fonseca pode abrir novas frentes de investigação na Lava Jato. Segundo o procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, a empresa “participava de um grande esquema de lavagem de dinheiro”.

“Fica evidenciado que a Mossack Fonseca era uma grande lavadora, participava de um grande esquema de lavagem. Oferecia seu serviço a esquemas dos mais diversos. Nós temos indicações de que a participação dela em outro esquema em andamento no qual não é nossa responsabilidade”, declarou o procurador.

A Mossack Fonseca é alvo de mandado de busca e apreensão. Três investigados ligados à empresa foram presos temporariamente (válida por 5 dias): Neuci Warker, Ricardo Honório Neto e Renata Pereira Brito.

A Bancoop

Em 2010, Vaccari foi denunciado pelo MP do Estado de São Paulo por suspeita de desvio de dinheiro da cooperativa para abastecer campanha do PT. O ex-tesoureiro da sigla foi diretor financeiro da Bancoop em 2002 e 2004 e presidente de 2004 a 2010.

Além dos procuradores da Lava Jato, a Promotoria de Justiça de SP também trabalha na apuração dos negócios da Bancoop. Lula é investigado sobre a legalidade da transferência de empreendimentos da cooperativa à empreiteira OAS.

A Promotoria também apura se a OAS utilizou apartamentos do prédio para lavagem de dinheiro ou benefício indevido. A empreiteira pagou por reformas feitas em 2014 no triplex reservado à família de Lula.

Fase anterior

Deflagrada em novembro do ano passado, a 21ª fase da Lava Jato, batizada de “Passe Livre”, prendeu o pecuarista José Carlos Bumlai. O empresário foi detido sob a suspeita de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras.

O nome de Bumlai apareceu em delação premiada de Eduardo Musa, ex-gerente da estatal, e do lobista Fernando Baiano. O pecuarista segue preso na carceragem da PF em Curitiba.

O sócio do banco BTG Pactual, André Esteves, foi preso no dia seguinte e hoje segue em prisão domiciliar. Ele é acusado de planejar obstruir as investigações da Lava JAto, segundo a Procuradoria-Geral da República. Também foram presos o senador Delcídio Amaral (PT-MS), seu chefe de gabinete Diogo Ferreira e o advogado Édson Ribeiro.

*Com informações de Agência Estado

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