Órgão responsável diz que seria ‘difícil’ prever deslizamento em Niterói

  • Por Jovem Pan
  • 13/11/2018 17h16
JOSE LUCENA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Acidente deixou 15 mortos e 22 famílias sem alojamento

O Departamento de Recursos Minerais (DRM), órgão ligado à Secretaria de Estado da Casa Civil e Desenvolvimento Econômico, declarou que o deslizamento do Morro da Boa Esperança, em Niterói, era difícil de prever. O acidente, ocorrido na madrugada de sábado (10), deixou 15 mortos e 22 famílias sem alojamento.

Em nota, o órgão constatou “uma combinação de fraturas na rocha com infiltrações no solo e pressão da água de chuvas anteriores” de difícil predição. Além disso, o local da rachadura não foi superficial, já que cerca de 20 mil toneladas de material (rochas e solo) foram movimentadas no deslizamento.

De acordo com o texto, a fratura se expandiu a partir de uma infiltração de água em uma camada de solo em formação encontrada por baixo da estrutura rochosa, desestruturando sua base e causando o rompimento.

“Foram observados sets de fraturas (fraturas tectônicas e de alívio) na parte rochosa, e no horizonte de solo residual jovem, nítida presença de estruturas reliquiares, permitindo o desenvolvimento de planos de fraqueza naturais. Verificou-se em campo surgência de água saindo de algumas fraturas”, afirmou o DRM.

O órgão concluiu que “trata-se de um processo de difícil previsibilidade, pois a superfície de ruptura desenvolvida no maciço foi originada pela combinação de fraturas e demais descontinuidades mecânicas presentes no maciço, junto à ação da percolação e pressão d’água oriunda das chuvas antecedentes”.

Em avaliação preliminar, realizada no dia do acidente, os especialistas informaram que ainda há riscos de novos deslizamentos, pois “existem blocos rochosos individualizados em condição instável, e o maciço como um todo ainda não entrou em equilíbrio”. A Defesa Civil de Niterói deve, portanto, monitorar a situação do bloco rochoso, mantendo a interdição do local até novas avaliações, como aponta a orientação. Ademais, os processos de resgate devem ser parados em situações de chuva.

SBG também comenta o deslizamento

A Sociedade Brasileira de Geologia (SBG) também divulgou uma nota. O Núcleo do Rio de Janeiro e Espírito Santo advertiu sobre a necessidade de se atualizar anualmente o mapeamento de risco geológico, já que o modo como o solo é ocupado nos municípios é muito dinâmico e sem condições de fiscalização adequada.

“Muito se avançou nos últimos anos, mas um verão chuvoso só pode ser motivo de preocupação redobrada, num país em que a conta cai sobre os municípios e estados, entes significadamente mais frágeis. Os recursos estão em Brasília, é necessário que sejam descentralizados, para que cada um possa fazer melhor o seu papel”, diz a nota.

A organização ainda recordou outros deslizamentos relativamente recentes na mesma região. Os acidentes de 1985, 2005 e 2013 deixaram um morto em cada. Em 2001, foram registrados três mortos. Em 2010, ocorreu o maior deles, com 105 mortos, e que, segundo a SBG, foi a motivação para que houvessem iniciativas importantes quanto ao tema, como a reestruturação e criação de órgãos e o aprimoramento de leis.

Contudo, a entidade alerta que, apesar das medidas, o cenário é de retrocesso, já que diversos órgãos estaduais perderam importância e outros foram até extintos ou lutam para seguir em atividade.

“As pessoas moram onde é possível. Infelizmente, ocupam áreas inadequadas por absoluta falta de condições e opção real de moradia digna. Este é o retrato do Brasil que é preciso mudar”, declarou a organização.

*Com informações da Agência Brasil

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