Padre Julio Lancelotti afirma que ameaças de morte não o intimidam

  • Por Jovem Pan
  • 21/03/2018 19h43
Estadão Conteúdo Padre Júlio Lancelotti afirma que moradores em situação de rua têm sofrido com as ações de zeladoria urbana da Prefeitura de São Paulo

Um dos maiores defensores dos direitos humanos e da população em situação de rua, o Padre Júlio Lancelotti revelou que tem sido ameaçado de morte. O pároco da igreja de São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca, afirma que o motivo é por conta da resistência às ações de zeladoria urbana da Prefeitura.

“Nesse momento está se tornado agudo por essa onda de intolerância, de ódio e destruição das pessoas. Tudo isso (ameaças) tem acontecido agora em relação à população que está na rua e que tem sido retirada, em algumas áreas da cidade, com muita violência, muita truculência por parte das prefeituras regionais”, afirmou.

“Embora haja uma portaria intersecretarial, que regulamenta a forma da chamada Zeladoria Urbana, as prefeituras regionais com a GCM, apoio da PM e participação da Inova, tratam a população de rua de forma torturante e muito humilhante”, completou o Padre Júlio.

As ameaças partem de grupos que se articulam tanto nas ruas como nas redes sociais. “Eles dizem que vão acabar com a turma do padre”, ressaltou. Já nas redes sociais há posts como: “morte ao Padre Julio, temos que mandar esse padre pro inferno”. “É uma onda de violência descontrolada”, disse.

Por conta do teor das ameaças, um grupo de advogados entrou com uma representação junto ao Ministério Público. “O objetivo não é prender ninguém e sim coibir essa onda de violência que atinge a população de rua. Ninguém pode conclamar a morte de outro, ninguém pode incentivar que outras pessoas sejam eliminadas ou atingidas. Queremos junto ao MP colocar um limite nessas questões”, explicou.

Questionado se as ameaças podem, de alguma forma, cessar as ações da Pastoral, o padre Julio Lancelotti diz que a maior preocupação é com a população de rua. “Isso não me deixa com medo. Me deixa preocupado. Eles são duramente atingidos por isso. As pessoas, muitas vezes, do Rapa e da própria GCM, falam para eles: ‘vocês são da turma do padre?’ E os intimidam duramente. A minha preocupação maior é com essa tortura psicológica permanente às pessoas que são mais desprotegidas”, declarou o pároco.

*Com informações do repórter Vinicius Custódio

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