Palocci geriu “caixa geral” da propina, que repassou R$ 128 milhões ao PT

  • Por Jovem Pan
  • 26/09/2016 09h58
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Antonio Cruz/Agência Brasil Antonio Palocci - AGBR

Os procuradores da força-tarefa da Lava Jato divulgaram, às 9h10, mais informações sobre a 35ª fase da operação, que levou à prisão temporária do ex-ministro Antonio Palocci – o “italiano” nas planilhas de pagamento de propina da Odebrecht. O apelido dado a Palocci ensejou o nome da nova fase da operação, Omertà, que é o código de silêncio da máfia italiana. 

“Era uma verdadeira conta corrente que a Odebrecht tinha com o Partido dos Trabalhadores devido às interferências, neste caso especialmente de Antonio Palocci Filho, em favor da empreiteira, nos mais diversos projetos, contratos e obras em que a empresa desejava obter alguma espécie de vantagem”, resumiu o delegado da Polícia Federal Filipe Hille Pace.

Segundo o comunicado, e-mails e anotações registradas em celulares apreendidos mostram que Palocci, contando com “importante e constante auxílio de seu assessor Branislav Kontic”, atuou em favor da Odebrecht entre 2006 e o final de 2013, interferindo em decisões tomadas pelo governo federal. O fato de Palocci ocupar um ministério não fez com que ele interrompesse o lobby em favor da empreiteira em quatro esferas: a obtenção de contratos com a Petrobras, a edição da medida provisória 460/2009, que concedia benefícios tributários ao grupo, negócios envolvendo o desenvolvimento de um submarino nuclear e o financiamento do BNDES para obras em Angola.

O MPF afirma que Palocci e seu assessor receberam propina advinda do “caixa geral” da propina que a Odebrecht estabeleceu em favor do PT, e que movimentou mais de R$ 128 milhões entre 2008 e 2013. “Remanesceu, ainda, em outubro de 2013, um saldo de propina de R$ 70 milhões, valores estes que eram destinados também ao ex-ministro para que ele os gerisse no interesse do Partido dos Trabalhadores”, informam os procuradores. 

No início da tarde desta segunda-feira (26), o juiz federal Sérgio Moro decretou o bloqueio de até R$ 128 milhões em contas-correntes de Palocci e de dois assessores. O bloqueio tinha sido determinado no último dia 12, mas só foi divulgado hoje após a deflagração da Operação Omertà – foi solicitado pelo Ministério Público Federal.

Palocci atuaria como uma espécie de tesoureiro da propina, distribuindo os recursos em períodos de campanha eleitoral ou fora deles. Do lado da Odebrecht, os valores pagos eram consolidados em uma planilha denominada “Posição Programa Especial Italiano”. Boa parte dos valores se originaram da Braskem, braço petroquímico da Odebrecht que possui contratos com a Petrobras.

Mesmo após a deflagração da Lava Jato, os encontros entre executivos da Odebrecht e Palocci continuaram a ocorrer – pelo menos até maio de 2015. Neste período final, as comunicações passaram a ser realizadas de forma mais cautelosa, por meio da utilização de dispositivos criptografados.

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