Palocci se oferece para delatar integrantes do MDB que receberam propina de Belo Monte

  • Por Jovem Pan
  • 28/01/2019 14h47
Wilson Pedrosa/Estadão Conteúdo WILSON PEDROSA / ESTADÃO CONTEÚDO Palocci tem conseguido firmar acordos de delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato

O MDB está na mira do ex-ministro Antônio Palocci, que em delação premiada já incriminou ex-colegas do Partido dos Trabalhadores, entre eles os ex-presidentes Luiz  Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Os partidos repartiam propinas meio a meio, segundo ele.

Em depoimento sobre a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, Palocci afirma que MDB e PT eram “sócios” em esquema de corrupção. Iniciado em 2010, o negócio de R$ 13 bilhões envolveu acerto de 1% de propina com empreiteiras, equivalente a R$ 135 milhões.

Esse 1% do total do contrato seria dividido entre políticos dos dois partidos. O Termo 05 da delação fechada com a Polícia Federal de Curitiba no âmbito da Operação Lava Jato foi tornado público na última semana. Nele, Palocci se diz “disposto também a colaborar”.

Uma investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR) aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) se concentra em propinas a políticos emedebistas. Um dos alvos é o ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão. De acordo com Palocci, membros do MDB enviavam a ele “cobranças específicas por pagamentos de vantagens atreladas à obra”.

O dinheiro, pago pela empreiteira Andrade Gutierrez, que liderava o consórcio que construiu a usina, teria servido para a disputa presidencial e a de governadores. “Os recursos demandados pelo PMDB [atualmente MDB] não se destinavam somente à campanha nacional, mas também as campanhas estaduais.”

Segundo o delator, a propina – que ele chama de “apoio” nesse trecho – destinada ao “PMDB foi essencial para o êxito da campanha do PT”. Dilma foi eleita em 2010 tendo Michel Temer como vice. Palocci disse que Dilma sabia dos valores repassados ao MDB por empreiteiras pelo negócio de Belo Monte, a maior usina construída nos governos do PT.

O delator afirma ainda que “deu ciência a Dilma dos vultosos pagamentos que a Andrade Gutierrez estava fazendo ao PMDB em razão da obra” de Belo Monte. “A então candidata tomou ciência e efetivamente autorizou que se continuasse a agir daquela forma”, disse.

O ex-ministro narra que, inicialmente, Dilma orientou a não recolher recursos da Andrade para o PT, mas que isso mudou em 2012, durante a campanha municipal, na qual Fernando Haddad seria eleito prefeito de São Paulo por interferência e pressão de Lula.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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