Parlamentares criticam Bolsonaro após vídeo sobre manifestação contra Congresso

Presidente enviou mensagens para contatos do WhatsApp convocando a população a sair às ruas no dia 15 de março. Nas redes sociais, parlamentares de diversos partidos repudiaram a atitude

  • Por Jovem Pan
  • 26/02/2020 14h27 - Atualizado em 26/02/2020 14h52
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Pablo Valadares/Câmara dos Deputados Congresso Parlamentares de diversos partidos participam de sessão no Congresso Nacional

Deputados e senadores passaram a criticar o presidente Jair Bolsonaro após a informação de que ele teria enviado vídeos para contatos do WhatsApp convocando a população a sair às ruas, no dia 15 de março, em defesa do governo e contra o Congresso. O presidente da Câmara dos Deputados falou, por meio do Twitter, que “criar tensão institucional não ajuda o país a evoluir” e completou: “Só a democracia é capaz de absorver sem violência as diferenças da sociedade e unir a Nação pelo diálogo”.

O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), cobrou Alcolumbre e Maia pelo Twitter na manhã desta quarta-feira (26). “Mais de 10 horas das graves revelações feitas e ainda não houve manifestação dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre. A democracia exige defesa e retaliação ao ocorrido”, escreveu. O presidente do Senado ainda não se pronunciou.

Os atos foram convocados na semana passada, após articulação do Congresso para derrubar vetos de Bolsonaro ao projeto que obriga o Executivo a pagar todas as emendas parlamentares. O movimento é também em defesa do ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que fez críticas aos parlamentares.

O senador Major Olimpio (PSL-SP) publicou um vídeo no qual comenta a divulgação de vídeos por parte do presidente da República. Segundo Olimpio, “no momento em que fica parecendo que o presidente está chamando o povo brasileiro para ir para cima do Congresso, a coisa fica muito perigosa”. “Isso pode gerar uma crise institucional, e já temos uma relação esgarçada do Executivo com o Congresso”, completou.

“Eu ainda quero crer que tenha havido algum ruído de comunicação. Pode ter sido algum familiar a disparar mensagens do telefone de Bolsonaro. Já aconteceu isso em situações anteriores”, disse o senador do PSL.

Entre representantes do Centrão e da oposição, há quem aponte crime de responsabilidade do chefe do Planalto. Uma ação efetiva, porém, ainda depende de negociação com os líderes da Câmara e do Senado. “É uma decisão política, mas que o presidente está provocando uma situação de esgarçamento do tecido democrático para ampliar seus poderes, isto é inquestionável”, afirmou o deputado Fábio Trad (PSD-MS).

Derrubar todos os vetos de Bolsonaro ao projeto que amplia o orçamento impositivo entrou novamente no radar, mas a negociação ainda não avançou. “O presidente precisa ser chamado à responsabilidade institucional do cargo e a Câmara e o Senado devem deixar claro que não temem esses arroubos autoritários do presidente e da sua base. A resposta à quebra da institucionalidade deve ser dada dentro da institucionalidade”, escreveu o deputado Marcelo Ramos (PL-AM) nas redes sociais.

Ex-aliado e ex-correligionário de Bolsonaro, o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) também atacou o presidente nas redes sociais. “Traidor da pátria é traidor da democracia. Vou defender o Congresso, vou defender a democracia que jurei defender. E não tenho medo de você, Bolsonaro. Vai ter que me prender e me matar. Mas vou estar ao lado da democracia.”

*Com informações do Estadão Conteúdo

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