Partidos de extrema-esquerda na Europa pedem afastamento de Brasil de acordos

  • Por Estadão Conteúdo
  • 31/08/2016 18h48
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DF - TEMER/POSSE - POLÍTICA - Michel Temer acena em cerimônia de sua posse como presidente da República, realizada no Congresso Nacional, em Brasília, nesta quarta-feira, 31, após a cassação de Dilma Rousseff com a aprovação de 61 senadores. 31/08/2016 - Foto: RICARDO BOTELHO/BRAZIL PHOTO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO RICARDO BOTELHO/BRAZIL PHOTO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO O presidente Michel Temer

O espanhol Podemos, o grego Syriza e o alemão Die Linke denunciam a “consumação” do golpe no Brasil. O grupo de partidos de extrema-esquerda na Europa e que nos últimos anos tem ganhado popularidade promete ações no Parlamento Europeu para pressionar contra qualquer tipo de acordo com Brasília e reforçam o apelo para que Bruxelas afaste o Brasil das negociações para a criação de um acordo comercial com o Mercosul.

“Condenamos fortemente o golpe de estado no Brasil contra uma presidente eleita”, diz um comunicado do grupo, que ainda inclui o Bloco de Esquerda de Portugal e Sinn Fein, da Irlanda, entre outros.

Se nos últimos anos esses partidos ganharam eleições denunciando políticas de austeridade em seus países, agora alertam que o governo de Michel Temer vai adotar políticas econômicas que “resultarão revolta social”.

Para os partidos, o afastamento foi comandado por “oligarcas e imperialismo com o envolvimento de muitos na comunidade internacional, mascarados por uma decisão judicial sem qualquer base legal”.

De acordo com os partidos, o golpe foi orquestrado de “tal maneira que qualquer líder internacional teria sido afastado”. “A remoção de Dilma Rousseff marca um dos capítulos mais negros da história do Brasil e um golpe contra a democracia do País”, insistem.

Os partidos apontam até mesmo para o envolvimento americano. “É evidente que muitos opositores de Dilma – apoiados pelos EUA – nunca aceitaram sua presidência e tentaram a afastar de qualquer forma”, disseram. Para o grupo, a campanha começou já em 2002, quando Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito.

“O que ocorre no Brasil é apenas o último exemplo da nova estratégia das forças imperialistas de afastar governos progressistas eleitos pelo povo latino-americano”, alertaram os deputados, relembrando inclusive do paraguaio Fernando Lugo em 2012.

Para o grupo, o governo de Michel Temer “não perdeu tempo” em reverter o que Lula e Dilma conseguiram em planos sociais. “Ele realinhou a política externa com a agenda imperialista”, apontaram. Os deputados ainda alertam que vão continuar a atuar contra o governo Temer. “Oferecemos toda nossa solidariedade”, disseram.

RECONHECIMENTO – Num comunicado separado, o partido Podemos anunciou que pede ao governo espanhol a “não reconhecer o governo brasileiro”, considerado pelo grupo como “ilegítimo”. “Exortamos a nosso governo que não se esqueça do compromisso com a democracia que nos guia na política externa”, disse.

O partido Podemos também fez eco à solicitação dos partidos europeus. “Reiteramos nossa petição à alta representante (de Política Externa), Federica Mogherini, pela qual solicitávamos que a UE mantivesse às margens o Brasil nas negociações que mantém com o Mercosul”, indicou o grupo político.

O grupo insiste que mandatos políticos “apenas se ganham nas urnas” e denuncia o Congresso nacional por ter 60% de seus integrantes com casos na Justiça.

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