Pazuello diz que boletins não eram fidedignos: ‘Quero buscar a verdade’
O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta terça-feira (9) que o modelo de divulgação de boletins diários de casos da Covid-19 adotado pelo governo federal “nunca o agradou”. Nos últimos dias, o Planalto foi alvo de críticas pela mudança de critério para a contagem de óbitos.
Segundo Pazuello, não era a intenção do governo federal omitir dados, e sim reformular a apresentação das informações. “Não acho que estados e municípios mandem dados errados, são os que eles têm. Mas, na minha avaliação, não eram fidedignos”, afirmou. “Eu estava somando contas que não existem, que não eram somáveis. Marcando um horário para apresentar uma informação que não dizia nada aos gestores e ao nosso País”, acrescentou.
De acordo com ele, a intenção do governo é, a partir de agora, destacar a data em que ocorreu a morte do paciente, e não o dia em que ela foi registrada. “Se não olharmos para a data do óbito, o gestor não consegue entender o que está acontecendo na sua cidade, não consegue ter medidas para corrigir”, disse.
Apesar disso, Pazuello garantiu que o ministério não deixará de divulgar mortes de outros dias que ainda estavam sob análise. “Não existe como reduzir ou limitar número de óbitos”, afirmou.
As declarações foram dadas durante participação na Comissão Externa da Câmara que discute assuntos relacionados à pandemia do novo coronavírus no País. Aos parlamentares, o ministro afirmou que o novo sistema, que será atualizado automaticamente, deverá estar disponível com todos os dados em até 48 horas.
O ministro indiciou ainda que o governo poderá incluir novas informações no banco de dados, como gráficos sobre ocupação de leitos de UTI e de casos suspeitos da doença do Brasil. Até então, a pasta só divulgava dados de casos confirmados e de óbitos.
“O que estou querendo buscar é a verdade. A verdade, às vezes, é evitar a subnotificação, não é buscar a ‘hipernotificação'”, finalizou.
Maia cobra transparência
Na audiência desta terça-feira, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), cobrou transparência na divulgação de dados. “Não estamos aqui para agredir, enfrentar, pelo contrário. O que precisamos, independente de divergência política, é trabalhar para juntos construir soluções. A decisão do STF sobre o que caberia a estados e municípios é que cabe ao governo federal a coordenação do trabalho. Seu trabalho continua sendo fundamental”, afirmou Maia.
O ministério promete lançar um portal que mostre número de infectados e mortos por estado, regiões de saúde e municípios, além de curvas sobre avanço da doença em capitais e no interior. A pasta também promete apresentar a ocupação de leitos de UTI em cada local. Pazuello disse que o portal será atualizado 24h, conforme o ministério receba dados de estados e municípios. “São todos os dados que jamais tivemos. Estão todos disponíveis full time”, disse.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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