Pedido de prisão deve fazer parlamentares mudarem voto

  • Por Estadão Conteúdo
  • 07/06/2016 11h03
Luis Macedo/Câmara dos Deputados Conselho de Ética

No contexto da sessão a julgar Cunha no Conselho de Ética da Casa, o seu presidente, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), afirmou, já nesta terça, que o pedido de prisão do presidente da Câmara afastado, feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR), deve fazer integrantes do colegiado repensarem seus votos em relação ao peemedebista. O conglomerado discute e pode votar parecer do deputado Marcos Rogério (DEM-RO) pedindo a cassação do político. 

“Não posso dizer se (o pedido de prisão) influencia ou não (nos trabalhos no Conselho de Ética), mas vai fazer os deputados repensarem”, perspectivou. Segundo o parlamentar, o procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, não faria um pedido de prisão desses se não tivesse bem embasado. 

“Um pedido desse denigre a imagem da Câmara. É uma coisa a se lamentar”, pondera. Janot também pediu prisão do ex-presidente José Sarney e dos senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado. 

Mesmo afastado por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), José Carlos Araújo voltou a acusar Cunha de interferir nos trabalhos da Câmara. De acordo com o peerrista, o político continua manobrando no Conselho de Ética para tentar se salvar da cassação por meio de trocas de membros do colegiado e recursos regimentais. “O Conselho de Ética sente a cada instante os dedos de Eduardo Cunha”.

O presidente do colegiado previu que a votação do parecer pela cassação pode não acabar nesta terça-feira. Antes de começar a votação, 17 deputados estavam inscritos para discutir o parecer. Araújo lembrou que os trabalhos terão de ser interrompidos quando começarem as votações na sessão plenária. 

Diante disso, disse que pretende retomar as diligências ainda hoje ou na próxima quarta-feira (7), dependendo do horário em que as votações acabarem.

Votação

Os deputados aliados de Eduardo Cunha acreditam que o relatório que será analisado no Conselho não será aprovado, avaliando que o resultado será “justo” e que o peemedebista terá condições de se defender contra um processo de cassação no Supremo Tribunal Federal.

Representantes da oposição, por sua vez, esperam um empate na votação, por dez votos a dez, com uma escolha favorável ao relatório por parte do presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR/BA). O relator é o deputado Marcos Rogério (DEM-RO). 

“O placar vai ser justo, o relatório vai ser derrotado. Cunha tem que demonstrar esclarecimentos à Justiça e nada melhor do que parlamentar poder ser julgado pela Suprema Corte do País”, afirmou o deputado Washington Reis (PMDB-RJ), em entrevista à TV Câmara, instantes antes do início da sessão.

Os deputados Léo de Brito (PT-AM) e Nelson Marchezan Junior (PSDB-RS), por sua vez, acreditam que a votação na Comissão será favorável ao relatório, o qual pede a cassação do mandato parlamentar. À TV Câmara, ambos projetavam um empate em dez a dez, com voto de desempate dado pelo presidente da Comissão de Ética a favor da cassação. O voto decisivo deve ser dado pela deputada Tia Eron (PRB-BA).

Na visão de Carlos Marun (PMDB-MS), Araújo deveria se isentar de votar. “Suas atitudes sempre foram parciais no sentido de acelerar a cassação de Cunha”, comentou Marun, outro aliado de Cunha, em entrevista à TV Câmara.

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