“Pela vida do meu filho, eu não mandei gravar o presidente”, diz ex-procurador Marcelo Miller

  • Por Jovem Pan
  • 29/11/2017 14h11 - Atualizado em 29/11/2017 15h03
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Geraldo Magela/Agência Senado Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da JBS (CPMI-JBS) realiza depoimento do ex-procurador Marcelo Miller

Em depoimento à CPMI da JBS, o ex-procurador Marcelo Miller disse que não orientou a gravação de delatores da JBS do presidente Michel Temer (PMDB) e do senador Aécio Neves (PSDB). Ele negou ser o “gravador-geral da República”.

“Pela vida do meu filho, eu não mandei gravar o presidente, não”, garantiu Miller. “Nunca mandei nem orientei, como membro do Ministério Público, ninguém a gravar ninguém”, afirmou.

A gravação que Joesley Batista, dono da J&F, holding da JBS, fez no Palácio do Jaburu em 7 de março de conversa com Temer ensejou duas denúncias contra o presidente, por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça.

Miller é suspeito de auxiliar a proposta de delação da JBS, inclusive nas gravações, antes que começasse a negociação oficial da empresa com o Ministério Público Federal. Depois, Miller deixou a Procuradoria e se tornou advogado em escritório que tem a JBS como cliente.

O ex-procurador reconheceu que trabalhou em ações conduzidas pelo MP em que investigados foram gravados, como nos caso de (ex-diretor da Petrobras) Nestor Cerveró, (ex-presidente da Transpetro) Sérgio Machado e (ex-senador) Delcídio do Amaral. Mas enumerou outras operações em que também atuou e não houve gravação, como no acordo com Ricardo Pessoa (dono da UTC), casos envolvendo lobista Fernando Baiano, Andrade Gutierrez, Carioca Engenharia, entre outros.

Miller disse também que citaria “três casos em que houve gravação e eu não participei”: Silval Barbosa (ex-governador do Mato Grosso), César Romero (ex-subsecretário de Saúde do Rio de Janeiro na gestão de Sérgio Cabral), citando apenas dois.

Veja mais detalhes do que disse Miller à CPMI no link abaixo:

Miller nega crimes e amizade com Janot, mas admite “lambança”

Miller foi convocado porque está no centro da crise que atingiu a PGR à época sob o comando de Rodrigo Janot. O ex-procurador é suspeito de fazer “jogo duplo” e orientar a JBS no acordo de delação premiada, quando ainda era do Ministério Público Federal. Miller deixou o cargo de procurador no MPF no dia 5 de abril e foi trabalhar na empresa Trench, Rossi e Watanabe Advogados, que tinha a J&F como cliente.

De maioria governista, a CPMI é vista pela oposição como uma forma de retaliar Rodrigo Janot e a PGR por terem denunciado o presidente Michel Temer.

A delação da JBS embasou duas denúncias criminais contra o presidente Michel Temer, por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da justiça. Além dele, o ex-assessor, Rodrigo Rocha Loures, gravado recebendo uma mala com R$ 500 mil de executivo da empresa, o senador e presidente licenciado do PSDB, Aécio Neves, que pediu R$ 2 milhões a Joesley Batista, parte da cúpula do PMDB e outros políticos são investigados ou denunciados.

Acompanhe a fala de Miller a deputados e senadores, que se estende por mais de quatro horas, ao vivo:

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