PF deflagra 60ª fase da Operação Lava Jato contra Aloysio Nunes e operador do PSDB

  • Por Jovem Pan
  • 19/02/2019 08h02 - Atualizado em 17/04/2019 14h16
Agência Brasil PF Agentes cumprem doze mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva em cidades do estado de São Paulo

A Polícia Federal (PF) prendeu nesta terça-feira (19) o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, apontado como operador financeiro do PSDB. A prisão ocorreu no âmbito da 60ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta manhã. Agentes também cumprem doze mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ex-ministro Aloysio Nunes (PSDB).

Denominada de Ad Infinitum, a ação ocorre em nas cidades de São Paulo, capital, São José do Rio Preto, Guarujá e Ubatuba, todas no estado de São Paulo. Os mandados foram expedidos pela 13ª. Vara Federal de Curitiba, no Paraná.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), a operação aprofunda a investigação do esquema de lavagem de dinheiro e de corrupção praticada pela Odebrecht, que envolveu os operadores Paulo Preto, Rodrigo Tacla Duran, Adir Assad e Álvaro Novis. As transações investigadas superam R$ 130 milhões, que correspondiam ao saldo de contas controladas por Paulo Preto na Suíça no início de 2017.

Paulo Preto disponibilizou, segundo as investigações, R$ 100 milhões em espécie a Adir Assad no Brasil, a partir do segundo semestre de 2010. Assad, então, entregou os valores ao Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, aos cuidados do doleiro Álvaro Novis. O doleiro realizava pagamentos de propinas, a mando da empresa, para vários agentes públicos e políticos, inclusive da Petrobras.

No mesmo período em que os valores eram destinados à Odebrecht, propinas foram pagas pela empreiteira, em espécie, para os gerentes e diretores da Petrobras: Djalma Rodrigues, Maurício Guedes, Roberto Gonçalves, Paulo Roberto Costa, Pedro Barusco e Sérgio Machado.

Em contrapartida, o setor de propina da Odebrecht transferiu dezenas de milhões de dólares para as contas do doleiro Rodrigo Tacla Duran no exterior. Duran, por sua vez, descontava as suas comissões e as de Adir Assad e pagava Paulo Preto pelos recursos a ele devidos.

Anos antes, em 2007, as investigações também descobriram que houve transações ilícitas entre os investigados. Naquele ano, por intermédio da offshore Klienfeld Services Ltd, a Odebrecht transferiu 275.776,04 de euros para a conta controlada por Paulo Preto, em nome da offshore Grupo Nantes, na Suíça. No mês seguinte, a partir dessa mesma conta de Paulo Preto, foi solicitada a emissão de cartão de crédito, vinculado à sua conta, em favor de Aloysio Nunes Ferreira Filho.

O banco foi orientado a efetuar a entrega do cartão de crédito no Hotel Majestic Barcelona, na Espanha, para Aloysio Nunes Ferreira Filho, que estaria hospedado no hotel entre 24 de dezembro de 2007 e 29 de dezembro do mesmo ano.

De acordo com o procurador Júlio Noronha, a Lava Jato “ainda investiga várias caixas-pretas que precisam ser abertas”. Segundo ele, para que essas caixas possam ser abertas, “é fundamental que as apurações sobre corrupção não sejam deslocadas para a Justiça Eleitoral e que a execução das penas pelos agentes corruptos não seja postergada indefinidamente”.

Segundo o MPF, a prisão de Paulo Preto “é necessária em razão da gravidade concreta dos crimes de lavagem de dinheiro relacionado à corrupção, que envolveram mais de uma centena de milhões de reais, da reiteração e habitualidade na prática de crimes por mais de uma década, na atualidade da lavagem de dinheiro e na sua atuação deliberada para impedir o bloqueio e confisco de valores ilícitos”.

“É relevante notar que, em dezembro de 2016, quando o acordo da Odebrecht se tornou público, Paulo Preto mantinha cerca de US$ 34 milhões na Suíça, país que notoriamente tem cooperado com a Lava Jato. Logo em seguida, no primeiro trimestre de 2017, Paulo Preto encerrou as contas suíças e remeteu os recursos para Bahamas, impedindo assim um iminente bloqueio de valores que são fruto de atividade criminosa”, destacou o MPF.

O nome da operação, de acordo com a Polícia Federal, remete ao fato de o caso parecer tratar de mais uma repetição do modo de atuação de alguns integrantes da organização criminosa, remetendo a um ciclo criminoso que nunca termina.

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