PF indicia Marcelo Xavier, ex-presidente da Funai, por omissão nas mortes de Dom e Bruno

Investigação aponta que não foram tomadas as providências necessárias para combater a insegurança no Vale do Javari; também é acusado Alcir Amaral Teixeira, ex-coordenador-geral de monitoramento territorial da fundação

  • Por Brasília
  • 19/05/2023 17h29 - Atualizado em 19/05/2023 18h05
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Isac Nóbrega/PR Marcelo Xavier fala em púlpito Marcelo Xavier presidiu a Funai entre 2019 e 2022

O ex-presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Marcelo Xavier, foi indiciado pela Polícia Federal acusado do crime de omissão, por supostamente não ter tomado as providências necessárias para combater a insegurança no Vale do Javari, região no Estado do Amazonas onde foram assassinados o indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips. Também foi indiciado Alcir Amaral Teixeira, que atuou como coordenador-geral de monitoramento territorial no órgão. Procurado, Xavier ainda não se manifestou sobre o assunto. Para a PF, o ex-presidente da Funai agiu com dolo eventual, ou seja, não teve a intenção de atingir algo específico, mas assumiu fazê-lo, com culpa consciente. Nesse caso, o indiciamento ocorre a partir de provas coletadas na ata de uma reunião realizada logo após a morte do indigenista Maxciel dos Santos, um ano antes das outras duas vítimas, na qual estão registrados pedidos de proteção e segurança para os funcionários em área remota. Maxciel foi morto a tiros na cabeça em 2019, na cidade de Tabatinga, no Amazonas.

A Polícia Federal (PF) confirmou as mortes do indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips em 18 de junho de 2022, dez dias após iniciadas as investigações, assassinados por três pessoas da região envolvidos em pesca ilegal. O caso gerou comoção nacional e foi marcado por uma série de etapas, que vão da prisão de dois suspeitos até um impasse sobre a data na qual os corpos foram encontrados. Na época, Xavir chegou a chamar o caso de “evento infeliz” e acusou a imprensa de fazer “exploração midiática” das mortes. “Toda entrada em área de indígena isolada tem que passar pelo nosso setor de autorizações e pesquisas. Isso inexistiu”, justificou o ex-presidente da Funai, em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, no dia 8 de junho de 2022, quando a dupla ainda era considerada desaparecida. Ele presidiu a fundação entre 2019 e 2022.

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