PF investiga instituições financeiras que ofereciam consignados

Foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão, sendo cinco em São Paulo e cinco no Rio de Janeiro

  • Por Nicole Fusco
  • 14/02/2020 13h01
Estadão Conteúdo A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (14) a Operação Arca da Aliança contra instituições financeiras que não tinham autorização do Banco Central para atuar

A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (14) a Operação Arca da Aliança contra instituições financeiras que atuavam de forma clandestina, ou seja, sem autorização do Banco Central. Foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão, sendo cinco em São Paulo e cinco no Rio de Janeiro.

Também foram bloqueados judicialmente cerca de R$ 20 milhões nas contas das empresas. Os investigadores pediram a prisão de quatro suspeitos, o que foi negado pela Justiça.

Essas instituições financeiras são suspeitas de aplicar golpes com empréstimos, crédito consignado e consultoria. “São empresas que oferecem redução do preço da parcela de empréstimo consignado, mas a pessoa acaba fazendo um novo consignado, para pagar o antigo, só que com melhores condições”, explicou o delegado Fabrício Souza Costa.

Costa afirmou que não havia uma portabilidade da dívida. “Ficavam duas dívidas no nome do cliente e o valor total do crédito ia para essas empresas. Sem contar que o cliente dependia da boa vontade da empresa para fazer os pagamentos [do primeiro empréstimo]”, continuou ele.

De acordo com a Polícia Federal, pelo menos 500 pessoas foram alvos dos criminosos. Até 2019, duas instituições investigadas tinham captado R$ 22 milhões. Uma delas desenvolve suas atividades desde 2018 em São Paulo e captou recursos de pessoas físicas no valor total de R$ 20 milhões. Já a outra empresa entrou em atividade em agosto de 2019 e, em menos de dois meses de funcionamento, captou R$ 2 milhões de pessoas físicas.

Os investigadores chegaram até os criminosos porque eles ligaram para funcionários da própria instituição, oferecendo o crédito consignado. O objetivo da apuração é descobrir, justamente, como eles tinham acesso a essa base de dados dos possíveis clientes para os quais ligavam. A ação também quer descobrir quem comanda o esquema. Segundo o delegado, os funcionários das empresas investigadas não sabiam que vendiam produtos e serviços ilícitos.

O delegado Fabrício de Souza Costa disse que a investigação é um alerta para as pessoas que querem contratar um empréstimo consignado. Segundo ele, é importante consultar o histórico das empresas na internet, o que é possível por meio do site do Banco Central e, no caso de São Paulo, do site da Junta Comercial do Estado.

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