PF prende dono de universidade por venda de vagas do Fies para o curso de medicina

Vagas estariam sendo negociadas por até R$ 120 mil por aluno

  • Por Jovem Pan
  • 03/09/2019 15h26 - Atualizado em 03/09/2019 15h42
Reprodução/Google Maps universidade-brasil-vende-vagas-fies Mais de 20 pessoas foram presas, incluindo o dono e funcionários da Universidade Brasil

A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (3) uma operação para investigar um esquema de fraudes na concessão do Financiamento Estudantil do Governo Federal (Fies) e em bolsas do Programa Universidade para Todos (ProUni) na Universidade Brasil, de Fernandópolis, no interior de São Paulo. Estimativas indicam que, nos últimos cinco anos, aproximadamente R$ 500 milhões dos programas foram concedidos fraudulentamente.

Foram cumpridos nesta manhã 77 mandados judiciais, 11 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 45 de busca e apreensão e 10 referentes a medidas cautelares, alternativas à prisão. Foram presos o dono da universidade e seu filho, além de diretores e funcionários das unidades onde foram identificadas fraudes – São Paulo, São José do Rio Preto e Fernandópolis.

A Justiça Federal determinou ainda o bloqueio de até R$ 250 milhões em bens e valores dos investigados.

Segundo a PF, “assessorias educacionais”, com o apoio dos donos e da estrutura administrativa da universidade, negociaram centenas de vagas para alunos. Pessoas com alto poder aquisitivo, como filhos de fazendeiros, servidores públicos, políticos, empresários e amigos dos donos da universidade, tiveram acesso aos recursos do FIES, mesmo sem ter o perfil de beneficiário.

“Como os investigados reduziam as vagas do curso de medicina e Fies, na medida em que as vendiam, candidatos que teriam direito ao financiamento do governo federal sofriam com o corte das vagas disponíveis”, explicou a PF.

As vagas para ingresso, transferência e financiamentos Fies para o curso de medicina estariam sendo negociadas por até R$ 120 mil por aluno, disse a corporação. Também há a suspeita de fraudes envolvendo bolsas do Prouni e cursos de complementação do exame Revalida, para revalidação de diploma.

Ameaças aos alunos regulares

As investigações duraram cerca de oito meses e identificaram que o líder do esquema era o próprio dono da universidade, que também ocupa o cargo de reitor. O empresário, engenheiro de 63 anos, e seu filho, que também é sócio do grupo educacional, sabiam do esquema e participavam dos crimes. A PF identificou, ainda, ameaças proferidas pelo dono aos alunos que fizeram as denúncias, além de tentativas de influenciar e intimidar autoridades, destruição e ocultação de provas.

De acordo com a corporação, milhares de alunos por todo o Brasil podem ter sido prejudicados em razão destas fraudes. Elas foram denunciadas ao Ministério Público Federal (MPF) por alunos que ingressaram de forma regular na instituição, após a qualidade do curso diminuir por causa do aumento de estudantes de medicina no campus.

A Polícia Federal indicou que os empresários estariam investindo os recursos das fraudes em imóveis urbanos e rurais no Brasil e no exterior. Além disso, compraram helicóptero, jatinhos, aviões e dezenas de veículos de luxo.

Os alunos e pais, que aceitaram pagar pela vaga e/ou pelos financiamentos públicos, também responderão pelos crimes na medida de suas culpabilidades. Segundo a corporação, uma nova investigação será iniciada para identificar todos que concordaram em pagar pelas fraudes.

* Com informações do Estadão Conteúdo

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