PF suspeita de que repasses ilegais possam ter sido destinados a deputados

  • Por Estadão Conteúdo
  • 08/01/2018 15h14
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Divulgação/Polícia Federal Divulgação/Polícia Federal A PF procurava no DVD informações sobre a empresa Sargeant Marine, alvo das fases 44 e 45 da Lava Jato

A Polícia Federal suspeita de repasses ilegais, ligados a uma obra de terraplenagem, em Pernambuco, para deputados. Os dados constam de um relatório da PF na Operação Lava Jato. A análise da Federal debruçou sobre oito balanços do fim de 2007 até o início de 2008. As informações estavam em um DVD apreendido pela maior operação já deflagrada no Brasil contra a corrupção.

A PF procurava no DVD informações sobre a empresa Sargeant Marine, alvo das fases 44 e 45 da Lava Jato. O grupo estrangeiro fechou 12 contratos com a Petrobras, entre 2010 e 2013, no valor de aproximadamente US$ 180 milhões.

“Da análise dos referidos arquivos, não foram verificados em um primeiro momento arquivos diretamente relacionados a Sargeant Marine”, registrou a PF. “Contudo, foram identificados alguns arquivos, que podem, em tese, estar relacionados a outros negócios intermediados pelo nominado GT junto a Petrobras. Este GT, conforme já citado em outros relatórios de análise, era composto pelas pessoas de Bruno e Jorge Luz, entre outros investigados.”

Pai e filho, Jorge e Bruno Luz são apontados pela Lava Jato como operadores de propina do PMDB. Eles já foram condenados pelo juiz federal Sérgio Moro a 13 anos e 8 meses de prisão e sete anos e seis meses de reclusão, respectivamente.

O documento destacou uma planilha que, segundo a Federal, continha “dados aparentemente relacionados a obra de Terraplenagem em Pernambuco”. “Aparentemente a obra seria da Construtora Queiroz Galvão (CQG) e totalizaria R$ 24.426.673,87. Desse montante haveria um repasse de 2% que totalizaria R$ 488 533,48. Esse montante de 2% seria então dividido entre “Agremiação” que receberia 70% desse montante (R$ 341.973,43), a “Empresa” recebera 20% (R$ 97.706,70) e “Interlocutor” 10% (R$ 48.853,35). Também se observa que “Interlocutor” teriam oito divisões: “Operação” que receberia 3% da parcela destinada ao “Interlocutor” (R$ 14.600,00) e os demais (Sama, Fsoa, Dep1, Dep2, Dep3, Interno, Jolu) receberiam 1% cada (4.866,670)”, anota a PF.

“Dentre os “Interlocutores” chama a atenção Fsoa, que poderia se referir à pessoa de Fernando Soares, Dep1. Dep2 e Dep2, que poderiam, em tese, se referir a Deputado 1, 2 e 3 e Jolu, possivelmente Jorge Luz. Observa-se também que os valores teriam sido entregues aos interlocutores em 27 de março de 2008 e 28 de março de 2008, com exceção de Fsoa que não consta uma data de referência.”

O relatório ressaltou ainda “arquivos contendo aparentemente balanços relacionados a contratos/projetos (‘Alemanha’ e ‘Interplanetária’) os quais apresentam repasses a pessoas/agentes identificados como ‘Flamengo’ e ‘Vasco’, havendo indicação de valores faturado, recebido, repassado, pendências, saldo a receber”.

“Nesse sentido, no bojo das investigações da Operação Lava Jato relacionadas a Odebrecht verificou-se que o cognominado “Setor de Operações Estruturadas” da empresa utilizava nomes de times de futebol para se referir a partidos políticos”, registrou a PF

“Assim, é possível, em tese, que os referidos documentos aqui destacados também utilizem sistemática semelhante ou então que se refiram a pessoas. Conforme consta, inclusive já citado em fontes abertas, as palavras Flamengo e Vasco, seriam usadas em planilhas do ‘Setor de Operações Estruturadas’ da Odebrecht para se referir respectivamente aos partidos políticos PT e PTB.”

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