PF encontra celular em caixa de remédio no frigobar de deputado do PTB

O deputado federal Wilson Santiago (PTB-PB) é acusado de ter recebido R$ 1,2 milhão em propinas

  • Por Jovem Pan
  • 30/12/2019 15h01 - Atualizado em 30/12/2019 19h38
Divulgação/Polícia Federal Polícia Federal encontrou celular em caixa de remédio dentro de frigobar na casa do deputado federal Wilson Santiago (PTB-PB)

Durante as buscas da Operação Pés de Barro, realizadas no último dia 21, a Polícia Federal encontrou um celular dentro de uma caixa de remédios no frigobar da casa do deputado federal Wilson Santiago (PTB-PB). O parlamentar é acusado pela Procuradoria-Geral da República de ter recebido cerca de R$ 1,2 milhão em propinas no âmbito da construção da Adutora Capivara, no sertão paraibano.

A denúncia da Procuradoria, apresentada no mesmo dia em que a Pés de Barro foi deflagrada, imputa a Wilson Santiago 16 episódios de corrupção. A mesma acusação é feita em face do prefeito de Uiraúna, João Bosco Nonato Fernandes, preso no âmbito da Operação Pés de Barro e flagrado pela Polícia Federal colocando R$ 25 mil na cueca.

A acusação foi divulgada na tarde do último dia 21, sendo que na manhã do mesmo dia os políticos tiveram suas residências e locais de trabalho vasculhados pela PF. A Pés de Barro cumpriu 13 mandados de busca e apreensão. Em um dos endereços de Santiago, agentes apreenderam cerca de R$ 37 mil em espécie.

As ordens foram expedidas a mando ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello que determinou ainda o afastamento de cargos dos políticos.

Além deles, outras cinco pessoas são investigadas pela Pés de Barro e foram denunciadas pela PGR: George Barbosa, executivo da Coenco Construções, empresa responsável pelas obras da adutora; Evani Ramanho, Israel Nunes de Lima e Luiz Carlos de Almeida, secretários parlamentares de Santiago; e Severino Batista, motorista da Secretaria de Governo e Articulação Política do município de Uiraúna.

O documento da Procuradoria transcreve diálogos entre os integrantes do grupo que seria supostamente chefiado por Santiago. Segundo a denúncia, o parlamentar usava recursos humanos e financeiros da Câmara dos Deputados, além da influência e do acesso à estruturas federais lhe conferidos pelo mandato parlamentar, para liberar verbas para as obras do sistema e continuar as atividades criminosas.

Em uma conversa reproduzida na peça da PGR, Wilson Santiago pergunta ao empresário George Barbosa: “Tu acha que resolve essas coisas sem dar nada a ninguém?”. Segundo a PGR, o parlamentar teria afirmado que nenhum pagamento de medições da obra seria realizado sem que recebesse propinas.

A articulação de Santiago se daria para “agilizar” o fluxo de verbas do Ministério da Integração Nacional, que iria custear as obras da adutora. Segundo a PGR, Wilson, João Bosco e George Barbosa teriam acordado a devolução de 15% do total do contrato de construção da adutora para os políticos, sendo 10% para o parlamentar, e 5% para o prefeito.

Quando a Operação Pés de Barro foi desencadeada, o advogado Luís Henrique Machado, que defende o deputado Wilson Santiago informou por meio de nota: “O deputado Wilson Santiago recebe com respeito e acatamento a decisão do Ministro Celso de Mello. Está absolutamente tranquilo e demonstrará, em momento oportuno, a inexistência de qualquer relação com os fatos investigados”.

O deputado Wilson Santiago também se pronunciou por meio de nota. Veja abaixo:

“Na manhã de hoje fomos surpreendidos por Operação da Polícia Federal. A operação em questão foi baseada na delação do empresário George Ramalho, o qual foi preso em abril de 2019 na Operação Feudo. Segundo as informações preliminares, o delator iniciou no segundo semestre de 2019 a construção de um roteiro, que servisse como base para acordo que lhe favorecesse na operação que foi alvo de prisão. O delator busca a todo momento, construir relações que possam nos implicar de forma pessoal e criminalizar o trabalho parlamentar.

Fica evidente, que o delator usa um princípio jurídico que veio para ser um instrumento de promoção de justiça, como artifício para favorecimento pessoal e evitar condenação na Operação Feudo Temos certeza que esse tipo ação criminosa será coibida. Não podemos aceitar que a ação política fique refém dessas práticas. Dessa forma, tomaremos as medidas cabíveis para que a verdade venha à tona, com o esclarecimento das questões objeto da investigação e nossos direitos sejam restabelecidos. Estamos a disposição da Justiça para colaborar em todo o processo.”

*Com Estadão Conteúdo

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