PGR vê ‘fortes indícios’ de propinas a Renan em obras do Estaleiro Tietê

A manifestação foi enviada ao Supremo Tribunal Federal na terça-feira, 21

  • Por Jovem Pan
  • 23/07/2020 10h23 - Atualizado em 23/07/2020 10h24
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Jane de Araújo/Agência Senado Jane de Araújo/Agência Senado A Procuradoria mira nos repasses porque foram feitos em maio de 2010, antes do consórcio vencer a licitação

A Procuradoria-Geral da República (PGR) viu “fortes indícios” do recebimento de propinas pagas ao senador Renan Calheiros (MDB-AL) sob o disfarce de doações eleitorais. A manifestação foi enviada ao Supremo Tribunal Federal na terça-feira, 21, no inquérito que apura repasse de vantagens indevidas ao parlamentar nas obras do Estaleiro Tietê, em Araçatuba (SP).

A PGR pediu ao Supremo que autorizasse a realização de diligências com delatores e investigados no inquérito, incluindo uma oitiva com o próprio Renan Calheiros, em prazo de sessenta dias. De acordo com a Procuradoria, foram localizados e-mails que apontam a atuação do ex-assessor de Calheiros, Bruno Mendes, como “captador das doações” realizadas por duas empresas que integravam o consórcio que venceu a licitação do Estaleiro. Em uma das mensagens, Mendes fala sobre a possibilidade de “prejuízo” ao senador em caso de problemas na prestação de contas.

A Procuradoria mira nos repasses porque foram feitos em maio de 2010, antes do consórcio vencer a licitação e destinados ao Diretório Estadual do MDB em Alagoas, representado por Renan Calheiros. O pagamento foi feito em duas parcelas: uma de R$ 250 mil e outra de R$ 150 mil.

A partir dos depoimentos já indicados, tem-se por certo que, boa parte do dinheiro da propina era desviado no interesse dos parlamentares sob a roupagem de doação oficial”, afirmou a PGR. “Os elementos de prova até então arrecadados indicam que houve o recebimento de vantagens indevidas pelo Senador da República Renan Calheiros, pelo menos no ano de 2010, pagos por empresas que formavam o consórcio para construção do Estaleiro Rio Tietê, com a intermediação de Bruno Mendes”.

O inquérito foi aberto em março deste ano pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, a partir da delação do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que confessou o repasse de propinas a emedebistas no Senado.

Defesa

A defesa do emedebista, representada pelo criminalista Luis Henrique Machado, afirmou que a delação do ex-presidente da Transpetro é “irresponsável”. “Mesmo gravando clandestinamente o senador Renan, ele não obteve qualquer prova, tampouco abordou o assunto sobre o estaleiro do Tietê”, afirmou.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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