Planalto avalia que oposição está mais forte em disputa do PMDB na Câmara

  • Por Agência Estado
  • 27/01/2016 09h38
Brasília - O presidente da CPI da Petrobras, deputado Hugo Motta, durante reunião da aprovou a convocação do atual presidente da Petrobras, Aldemir Bendine (José Cruz/Agência Brasil) José Cruz/Agência Brasil Deputado Hugo Motta

O Palácio do Planalto já admite uma eventual vitória do deputado Hugo Motta (PMDB-PB), aliado do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para a eleição da liderança do PMDB na Casa este ano. Mas, adotando uma estratégia diferente de articulações anteriores no trato com a base aliada, o Executivo não vai intervir em disputas a fim de buscar a pacificação na bancada peemedebista qualquer que seja o vencedor

O Planalto não quer melindrar o lado derrotado na disputa e, como consequência, reavivar a tensão no importante partido aliado às vésperas de uma definição na Câmara sobre a admissão do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

Embora o núcleo duro do governo considere que a possibilidade de afastamento da petista perdeu força, o PMDB terá papel decisivo no desenlace do processo: oito das 65 cadeiras da Comissão Especial do impeachment. A posição da legenda tende a ter seguida por outras da base aliada.

Os ministros Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e Edinho Silva (Comunicação Social) conversaram com Motta e Jaques Wagner (Casa Civil) deve fazer o mesmo em breve. A ideia, no caso de vitória do deputado aliado de Cunha vencer, é garantir desde logo o acesso ao peemedebista. A avaliação é a de que a eleição de Motta não seria “o fim do mundo”, segundo um assessor da presidente Dilma Rousseff.

Após as dificuldades da crise política de 2015, o governo pretende alcançar uma estabilidade mínima dentro da coalizão na Câmara para barrar o impeachment e tentar aprovar em 2016 propostas impopulares como a CPMF e uma reforma da Previdência.

A avaliação é que a eleição para líder da bancada peemedebista, a maior da Casa, com 67 deputados, será fundamental nessa estratégia. Por isso, o discurso é de não apoiar, seja em público ou nos bastidores, qualquer uma das candidaturas, a de Hugo Motta ou a do atual líder e candidato à reeleição, o governista Leonardo Picciani (RJ). “Não há nenhum sinal de intromissão do governo no processo”, disse Motta.

O grupo de Picciani avalia que o governo vem, de fato, se mantendo oficialmente neutro na eleição da bancada. No entanto, ao conservá-lo na interlocução das demandas dos peemedebistas da Câmara, o Planalto tem ajudado indiretamente Picciani a se cacifar como elo confiável entre o Executivo e os parlamentares, fazendo com que ele conquiste votos para sua recondução à liderança.

Picciani diz entender a posição do governo e não considera a postura oficial como sinal de abandono. “O governo não fará nenhum movimento brusco”, concluiu.

*As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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