PMDB só apoiou medida do ajuste porque “PT mostrou a cara”, diz líder
Em entrevista à Jovem Pan nesta quinta (07), o deputado Leonardo Picciani, líder do PMDB na Câmara, disse que a sigla aguardou definição do partido do governo Dilma, o PT, para apoiar a MP 665.
A medida provisória diminui pela metade o tempo mínimo para pedir seguro-desemprego (será de 12 meses), a regra do abono salarial (um salário mínimo anual para quem recebe até R$ 1576,00, agora proporcional ao número de meses trabalhado) e o seguro-defeso, pago aos pescadores na época em que a pesca é proibida (terá de ter um ano de registro).
Ela foi aprovada em votação apertada (252 a 227) em sessão marcada por muito tumulto entre deputados e manifestantes na tribuna da Câmara que atiraram falsas notas de dólares.
“O PT mostrou a sua cara e apenas um deputado do PT votou contra a medida de ajuste”, disse Picciani. “(PT) Fez aquilo que deveria fazer, como partido da presidente da República.” Membros do Partido dos Trabalhadores vinham demonstrando resistência à medida que estabelece um dos pontos do ajuste fiscal, pacote do governo para cortar gastos. Mas a maior parte foi convecida: apenas um dos 55 petistas presentes votou contra. Outros nove faltaram à sessão.
O deputado justificou o apoio do PMDB. “Havia um apelo do governo e da presidente da República de que isso era estritamente necessário para o País e para o saúde da economia”, afirmou. “Demos esse voto de confiança a partir do momento em que o partido da presidente da República e o próprio governo foram claros em solicitar esse apoio e defender as medidas”.
O PMDB não quis votar a MP 665 na terça. Ontem, admitiu votar.
Picciani nega que o PMDB cobre do governo mais espaço “e mais coisas neste sentido” pelo apoio. O apoio à medida do governo, porém, não foi unânime. Treze dos 63 deputados do PMDB presentes e aptos a votar disseram “não” à medida do ajuste.
Ele defendeu também diminuição do número dos ministérios, para “o governo ser menos caro, ser mais ágil, ter mais nitidez, um ministério mais forte”.
Quem é o PMDB?
“O PMDB faz parte do governo”, disse ainda Picciani, citando o vice Michel Temer. “Agora, o PMDB é um partido independente”, completou.
Questionado sobre qual é o posicionamento ideológico da sigla, se direita, esquerda, ou centro, Picciani disse: “Eu pessoalmente não gosto muito dessa definição clássica”.
“As diferenças nos programas dos partidos não são significativas a ponto de justificar essa diferença que nós tínhamos no século XVIII”, justificou.
Mas logo depois respondeu: “O PMDB é um partido de centro. Nós temos quadros que vão até a esquerda, centro-esquerda, e temos quadros de centro e de centro-direita. Acho que na média seria um partido de centro”.
“Acho que o governo está na mesma média ao analisar por inteiro a sua base aliada”.
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