Polícia Civil de SP inocenta Prevent Senior de acusações por mortes de pacientes durante a pandemia
Relatório final isenta a empresa de ter cometido irregularidades no tratamento de pacientes de Covid-19
A Polícia Civil de São Paulo apresentou à Justiça nesta terça, 19, o relatório final da investigação sobre a conduta da operadora de planos de saúde Prevent Senior durante a pandemia de Covid-19. O documento, assinado pela delegada Lisandra Colabuono, da 1ª Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes contra a Liberdade Pessoal, isenta a Prevent Senior de ter cometido irregularidades no tratamento de pacientes. Segundo o inquérito, não há indícios de que mortes de segurados tenham sido causadas pelo uso do chamado ‘kit Covid’, com medicamentos como hidroxicloroquina e ivermectina, nem que tenha ocorrido pressão por parte da empresa para que médicos prescrevessem o kit mesmo sem o consentimento de pacientes ou escondido a Covid-19 como causa de mortes em certidões de óbito.
“Não foram encontrados elementos informativos caracterizadores de ilícito penal praticados por funcionários da operadora de saúde, nem por médicos, ex-funcionários desta, denunciados por violação do dever funcional”, diz um trecho do relatório. “Todos os laudos periciais realizados através da análise dos prontuários médicos das vítimas descreveram que a causa mortis seria covid-19, mas não é possível relacionar este resultado ao tratamento aplicado, não havendo, portanto, qualquer nexo de causalidade”, escreve a delegada em outro. Colabuono afirmou que a empresa é vítima do “sistema político” e que sua investigação afastou qualquer motivação político-partidária. O inquérito analisou o prontuário de cinco pacientes da operadora que morreram no início da pandemia em decorrência de sintomas respiratórios, entre eles, o infectologista Antony Wong e Regina Hang, mãe do empresário Luciano Hang.
O relatório se baseou em perícias e depoimentos de executivos, médicos e outros funcionários da Prevent Senior, além de pacientes e familiares de vítimas do novo coronavírus. Os interrogatórios foram acompanhados por promotores do Ministério Público de São Paulo. Além dos laudos periciais feitos por médicos legistas, o inquérito policial se baseou em análises técnicas da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). As conclusões são opostas às de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) realizada na Câmara Municipal de São Paulo e finalizada no início de abril, que propôs o indiciamento dos dois donos da empresa, os irmãos Fernando e Eduardo Parrillo, e de 18 médicos. Cinco crimes teriam sido cometidos: homicídio e tentativa de homicídio, perigo para a vida ou saúde de outrem, omissão de socorro, crime contra a humanidade e crime de falsidade ideológica, que seriam ligados ao uso de medicamentos ineficazes, a omissão de socorro por causa do relato de vários pacientes que prestaram depoimento, e ainda pesquisas em seres humanos sem a autorização dos órgãos competentes. Em CPI realizada no Senado Federal em 2021, 11 pessoas ligadas à Prevent Senior tiveram seu indiciamento pedido. Agora, caberá ao Ministério Público decidir se prossegue com os indiciamentos.
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