Polícia derruba memorial em homenagem aos 28 mortos em operação no Jacarezinho

Justificativa é de que a peça fazia ‘apologia ao tráfico de drogas’ e não tinha autorização da Prefeitura do Rio; ação na comunidade foi a mais letal da história do Estado

  • Por Jovem Pan
  • 11/05/2022 20h14 - Atualizado em 11/05/2022 20h19
Divulgação/Polícia Civil do RJ Polícia destrói memorial no Jacarezinho Policiais destruíram o memorial construído no Jacarezinho

Policiais civis derrubaram nesta quarta-feira, 11, um memorial em homenagem aos mortos na operação na favela do Jacarezinho, a mais letal da história do Rio de Janeiro. A peça foi construída na semana passada – pouco mais de um ano após a ação – e tinha os nomes dos 28 mortos, inclusive o do policial André Frias. Agentes da 25ª Delegacia Policial e Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) participaram da demolição. A justificativa da Polícia Civil é que o memorial era “ilegal” e fazia apologia ao tráfico de drogas, “uma vez que os 27 mortos tinham passagens pela polícia e envolvimento comprovado com atividades criminosas.” A corporação também afirmou que a construção da estrutura não tinha autorização da Prefeitura do Rio.

“Outro fato relevante que determinou a retirada do memorial é que a menção ao policial civil André Leonardo de Mello Frias, assassinado pelos criminosos, com placa no memorial junto com o nome dos traficantes, foi negada pela esposa do policial assassinado e tampouco teve autorização da família do agente”, afirmou a polícia em nota. Além dos nomes dos mortos na operação, a peça também tinha uma placa que dizia: “Em 06/05/2021, 27 moradores e um servidor foram mortos, vítimas da polícia racista e genocida do Estado do Rio de Janeiro, que faz do Jacarezinho uma praça de guerra para combater um mercado varejista de drogas que nunca vai deixar de existir. Nenhuma morte deve ser esquecida. Nenhuma chacina deve ser normalizada.”

Memorial no Jacarezinho

Imagem mostra o memorial antes da demolição

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