Prefeitos contestam critérios do Plano São Paulo para reabertura
Prefeitos de cidades do interior e do litoral de São Paulo estão contestando o plano de flexibilização da quarentena da Covid-19 definido pelo governo estadual. Entre as discordâncias estão os critérios adotados para definir a inclusão dos municípios em cada uma das faixas iniciais do protocolo.
A prefeitura de Birigui entrou com ação na Justiça para reabrir o comércio imediatamente. Para o prefeito do município, Cristiano Salmeirão (PTB), a cidade seguiu as regras estaduais da quarentena e entende que já fez sua parte. “Tivemos um impacto gradativo nas atividades produtivas, com um cenário de desemprego acelerado e retração nos setores de serviços, comércio e indústria. Entendemos que Birigui já pode flexibilizar mais neste momento.”
Com a Associação Comercial e Industrial (Acib) e o Sindicato das Indústrias do Calçado e Vestuário de Birigui (Sinbi), a Prefeitura fez um plano próprio de retomada das atividades econômicas. O mandado de segurança da cidade contra o governo estadual deu entrada no dia 22, cinco dias antes do anúncio do plano de flexibilização estadual, e ainda não foi julgado.
“O objetivo é ter reconhecida nossa autonomia para ir além do que o governo está propondo, retomando o comércio e setores produtivos que pararam de produzir em função dos decretos estaduais”, disse. Segundo Cristiano, a retomada será feita sem descuidar das medidas de segurança.
O prefeito de Registro, Gilson Fantini (PSDB), reagiu ao tomar conhecimento de que a cidade de 56.322 habitantes permaneceu na fase 1 – a mais restrita – da flexibilização. “O povo vai linchar o prefeito, o Doria e quem mais aparecer por aqui. Não é culpa nossa se só temos 15 leitos de UTI para uma população regional de 270 mil pessoas. Temos 30 leitos em nosso hospital, mas o governo só licenciou 15 para a Covid-19. Se licencia mais cinco, mudávamos de faixa”, afirma.
Fantini disse que o município está sendo penalizado por ter aplicado mais testes para detectar o vírus. “O batalhão da Polícia Militar mantém uma escola para 120 cadetes aqui, mas a maioria não é de Registro. Só ali foram 90 testes positivos. Mesmo assim, temos 138 casos e cinco óbitos confirmados. Muitas cidades que estão em outra faixa têm situações piores.”
Segundo ele, não foi levada em conta a condição de maior pobreza da região, que precisa retomar mais rapidamente a atividade econômica. “Dávamos 150 cestas básicas por mês. Em abril, demos 2 mil, sem ajuda do Estado.”
Outra prefeitura que está contestando a retomada é a de Paulínia, que baixou decreto na quarta-feira (27) flexibilizando comércio e alguns serviços a mais do que permite o plano estadual. Mesmo com a cidade na faixa 2, voltaram a funcionar, por exemplo, barbearias, clínicas de massoterapia e podologia, e salões de cabeleireiro. Os supermercados, mercearias e pesqueiros foram autorizados a funcionar sem a limitação imposta pelo Plano São Paulo.
Baixada
Na Baixada Santista, o conselho que reúne os prefeitos dos nove municípios pediu uma reunião com representantes do Estado nesta quinta-feira (28). O objetivo é manifestar a insatisfação dos prefeitos por terem permanecido na faixa vermelha, a mais restrita.
Segundo o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), a região tem 15 leitos para cada 100 mil habitantes e quer migrar para a faixa laranja. “Não dá para deixar a Baixada Santista no vermelho e colocar São Paulo, que é centro da epidemia do coronavírus no País, no laranja. Não faz sentido”, diz. De acordo com Barbosa, Santos tem número alto de casos porque faz mais testes.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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