Presidente da Taurus compara possuir arma em casa com ter cão de guarda: ‘Escolha individual’

  • Por Jovem Pan
  • 06/06/2019 18h51 - Atualizado em 06/06/2019 18h52
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EFE/ Silvio Avila Salesio Nuhs, presidente da Taurus, defende a posse de armas no Brasil

O presidente da Taurus, uma das maiores fabricantes de armas do mundo, Salesio Nuhs, afirmou em entrevista à agência EFE que ter uma arma de fogo em casa é uma opção para se defender tão válida quanto um muro alto ou um cão de guarda.

“A pessoa pode escolher ter um muro alto, um cão de guarda, um sistema de alarme, contratar uma empresa de segurança ou ter sua própria arma legalmente para sua defesa. É uma escolha individual, um direito que a pessoa pode exercer ou não”, defendeu Nuhs.

Com uma experiência de quase três décadas no setor, o presidente da Taurus, companhia líder mundial na produção de revólveres, está otimista desde a chegada ao poder do presidente Jair Bolsonaro.

Ele espera que aumente “de forma relevante” a demanda de armas de fogo entre caçadores, colecionadores, amantes do tiro e “cidadãos de bem” do país, disse, especialmente após os decretos assinados pelo presidente, que facilitam a compra de armas e flexibilizam o porte para determinadas atividades e profissões, embora tenham sido questionados tanto pelo Ministério Público Federal como pelo Congresso.

“Todos os brasileiros estão com uma expectativa muito grande de um país melhor e de poder exercer o direito de adquirir armas de fogo para sua legítima defesa, garantido na Constituição e conquistado no referendo de 2005”, declarou o executivo.

O empresário referiu-se à consulta popular realizada em 2015, na qual 63% dos brasileiros se pronunciaram contra proibir a venda de armas a civis, um argumento que também é usado por Bolsonaro para defender sua política armamentista. “Antes, o criminoso tinha a certeza de que a vítima estaria desarmada, agora a dúvida beneficiará os cidadãos de bem”, argumentou.

Nuhs é contrário aos relatórios de diversas associações de direitos humanos que indicam que quanto maior é o número de armas em circulação, maiores são os índices de violência, e alega que as estatísticas “dependem do ponto de vista com que são olhadas”. Ele é também presidente da Associação Nacional das Indústrias de Armas e Munição (Aniam) do Brasil e vice-presidente Comercial e de Relações Institucionais da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC).

A relação do empresário com as armas vem de longe, sendo uma tradição na família. Desde jovem ele praticou caça, como fazia seu avô, e transmitiu o hobby aos filhos. Nuhs acredita que falta muito para o Brasil chegar ao nível dos Estados Unidos em relação às armas.

“No Brasil ainda não temos a mesma tradição. Nos Estados Unidos, a cultura das armas faz parte da cultura dos cidadãos”, comentou, além de destacar que qualquer cidadão deve “passar por todos os critérios legais e administrativos para comprar uma arma”.

O empresário assumiu em janeiro de 2018 a presidência da Taurus e, a partir daí, promoveu um ambicioso programa de reestruturação para levar a empresa a ter lucro novamente. Apesar de ser a quarta marca mais vendida no mercado americano, a Taurus sofreu prejuízo líquido de quase R$ 60 milhões em 2018, o sexto ano seguido no vermelho.

O plano se baseia em reduzir os custos e melhorar a produtividade “pondo ordem na casa; atendendo o mercado com o desenvolvimento de cem novos produtos; e renegociando a enorme dívida”.

Com uma produção média de 4.000 armas por dia, a Taurus obteve no primeiro trimestre deste ano lucro líquido de R$ 4 milhões, quase 240% mais que no mesmo período de 2018.

O projeto da companhia inclui uma expansão internacional, especialmente nos mercados asiáticos, que será fortalecida quando for concluída a transferência da fábrica que fica no estado americano da Flórida para o da Geórgia, o que permitirá duplicar a capacidade de produção nos EUA.

Nuhs diz não ter medo de que Bolsonaro abra o mercado brasileiro, até agora praticamente monopolizado pela própria Taurus, a empresas estrangeiras, porque assegura que a maior parte do seu negócio está longe do Brasil.

O presidente da Taurus só lamenta sobre matéria tributária e legal. Neste sentido, Nuhs criticou a alta carga de impostos sobre os produtores locais e a demora para se homologar novos produtos que, segundo ele, pode ser de até 20 anos.

*Com EFE

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