Presidente de Conselho vê tentativas de protelar análise de cassação de Cunha
O presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PSD-BA), disse que não aceitaria que deputados apresentassem questões de ordem para protelar a sessão de votação do parecer pelo seguimento do processo de cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Na manhã desta quinta-feira, 19, a tropa de choque de Cunha atuou tanto no conselho quanto em plenário para impedir até mesmo a leitura do parecer do relator, Fausto Pinato (PRB-SP).
“O que não pode é ter questão de ordem unicamente para protelar a sessão. Eu não aceito esse tipo de coisa”, afirmou Araújo. “Alguns deputados, talvez, para prestar serviço, estejam se excedendo”, disse o presidente do conselho.
Alguns dos principais aliados de Cunha, André Moura (PSC-SE), Manoel Júnior (PMDB-PB) e Paulinho da Força (SD-SP) apresentaram questões de ordem para tentar impedir e, em seguida, encerrar a sessão, que acabou suspensa por causa do início da ordem do dia no plenário da Câmara. Cunha iniciou os trabalhos às 10h44, e Araújo suspendeu a reunião do conselho às 11h12 para retomá-la no fim do dia.
Geralmente, às quintas-feiras, Cunha inicia os trabalhos às 11h e os encerra entre 14h e 15h. Hoje, além de antecipar o início da sessão, disse que vai encerrá-la somente às 18h.
A sessão, marcada para 9h30 e, depois, para as 10h, começou somente às 10h23 por falta de quórum. O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) chegou a ir ao plenário buscar deputados.
“Temos todo tempo do mundo. Paciência foi uma coisa que Deus me deu. Vou exercer a minha paciência”, disse Araújo.”Respeito todas as decisões tomadas pelo presidente Eduardo Cunha. Agora, no Conselho de Ética, tomo as decisões. Paciência, ele lá, eu cá”, disse o presidente do conselho. “Cada um faz o seu, cada um no seu pedaço. Ele na presidência da Casa, eu na presidência do Conselho de Ética”, afirmou.
O advogado de Cunha, Marcelo Nobre, acompanhou a sessão e saiu sem dar entrevistas. Pinato também não falou com os jornalistas. Cunha é alvo de uma representação do PSOL e da Rede por quebra de decoro parlamentar por supostamente ter mentido à CPI da Petrobras quando disse que não mantinha contas no exterior.
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