Presidente rebate críticas à economia e afirma que 22 milhões saíram da pobreza extrema

  • Por Jovem Pan
  • 28/07/2014 18h34
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A presidente Dilma Rousseff participou nesta segunda-feira da sabatina dos candidatos à Presidência da República e rebateu as críticas que recebeu no que diz respeito, principalmente, à economia do país. Além disso, ela ressaltou que, no seu governo, 22 milhões de pessoas saíram da “zona da pobreza”.

Dilma falou ainda sobre a taxa de desemprego do país, que ela afirmou ser a menor dos últimos anos, sobre o programa Mais Médicos, as críticas do porta-voz israelense ao Brasil, mensalão, entre outros assuntos. Confira abaixo os principais tópicos abordados na conversa dos jornalistas com a presidente.

Economia

A atual presidente afirmou que o Brasil cresceu 2,5% e que, entre os países do G-20, nos encontramos entre os seis ou sete que mais cresceram. Além disso, Dilma rebateu dizendo que não houve erro no combate do seu governo à inflação, garantindo que ficará abaixo do limite superior da meta.

“Ela (inflação) está a 0,02% acima do centro da meta e numa trajetória decrescente. (…) Nós sabemos que o comportamento da inflação no Brasil é assim: sobe no primeiro trimestre e desce no segundo. Sempre foi assim. Tem 15 anos que se acompanha por conta das metas de inflação e é assim. Eu acho interessantíssimo porque, no meu período, a inflação, se você comparar os primeiros anos do presidente Fernando Henrique e do presidente Lula e os meus, vocês vão ver que o meu e o do presidente Lula se calibram. O meu um pouco menor, porque o presidente Lula pegou aquela taxa de inflação extremamente alta de 12,5%, na época do Fernando Henrique Cardoso”, disse a presidente, alfinetando o governo do tucano.

De acordo com Dilma, a inflação não está descontrolada e nós iremos ficar “no teto da banda”, afirmnado que estamos enfrentando da forma mais corajosa a mais grave crise econômica que o mundo passou nos últimos anos.

A presidente considerou também “inadmissível” uma possível crítica do Banco Santander, que afirmou que os juros estão mais altos desde que ela assumiu, o crescimento é menor do que no governo Lula e que a vitória de Dilma nas eleições de 2014 faria uma piora na economia.

“É inadmissível pra qualquer país, principalmente um país que é a sétima economia do mundo, aceitar qualquer nível de interferência, de qualquer integrante do sistema financeiro, de forma institucional, na atividade eleitoral e política. Isso é inadmissível. A pessoa que escreveu a mensagem fez isso, sim, e isso é lamentável para qualquer candidato”, disse Dilma, que afirmou que terá um atitude bastante “clara” em relação ao banco.

Com relação ao pedido de desculpas feito pelo Santander e informado pelo presidente do PT, Rui Falcão, a presidente considerou as desculpas algo “bastante protocolar”.

Desemprego

Um dos fatores que Dilma “bateu na tecla” foi ter “a menor taxa histórica de desemprego de todos os tempos”. De acordo com ela, até abril, o desemprego era de 4,9%. Além disso, a presidente afirmou que o crescimento industrial é fundamental para a melhora do país.

“O crescimento industrial no Brasil é condição pro país se desenvolver. Nós não podemos ser um país nem só agrícola, nem só de produtor de commodities, nós temos de agregar valor, enfim, o que eu acredito? Eu acredito que nós mantivemos as conquistas sociais do período Lula. Mantivemos todas as conquistas sociais e aprofundamos. Tiramos 22 milhões de pessoas da pobreza extrema. No caso do emprego, nós mantivemos a economia empregada. O que está havendo no Brasil? Nós verificamos isso há mais tempo e percebemos o seguinte: o Brasil, pra dar um próximo salto, inclusive pra se preparar pra um momento de retomada, (…) ele precisa de apostar num novo ciclo. (…) É um ciclo que aposta na produtividade”, contou.

Setor elétrico

A presidente lembrou também os frequentes boatos no passado sobre o possível racionamento de energia, algo que não ocorreu durante o seu mandato. Mas fez questão de mencionar o racionamento que aconteceu durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, entre 2000 e 2001, que ocasionou queda de 1,5% a 2%. Na opinião dela, uma queda bastante significativa na época.

“Receitaram o racionamento pra mim todos os meses do ano. Todos. Sem exceção. E a consequência é essa, é queda de 2% no PIB. Tempestade perfeita, é queda no PIB. Inflação absolutamente descontrolada, é queda no PIB. Agora, nada disso ocorreu, pelo contrário. Sabe por que nós podemos passar pelo pior período de seca, pior que o de 2000 e 2001, e não ter racionamento? Pelo seguinte, (…) no meu período, nós vamos fechar o período com os seguintes dados: nós fizemos 20 mil megawatts de geração nova nos meus quatro. Nos oito anos do Fernando Henrique, ele fez 21”, contou a presidente, atacando o governo de FHC novamente.

Corrupção

Abordada sobre o assunto, Dilma foi clara: “eu não tolero, não compactuo, não aceito corrupção de nenhuma espécie.” De acordo com ela, durante o seu mandato, foi dado todo o respaldo à Controladoria-Geral da União, aparelhamento à Polícia Federal, além de ter criado o Portal da Transparência e aprovar a lei de acesso à informação . E falou também sobre o mensalão.

“Nessa história (mensalão) da relação com o PT, tem dois pesos e umas 19 medidas. Porque o mensalão foi investigado, agora o mensalão mineiro, não”, disse Dilma, que afirmou não se manifestar sobre qualquer decisão do Supremo Tribunal Federal por ser presidente.

Depois do assunto, Dilma voltou a falar sobre a redução da pobreza durante o seu governo, após ser questionada sobre uma guerra da riqueza contra a pobreza.

“Hoje, 75% dos brasileiros, de 200 milhões, estão na classe c, a e b. Então, não acho que há uma guerra dos pobres contra ricos, mas eu posso dizer (…) que todo mundo ganhou, se você for olhar em termos de aumento de renda real, mas é fato que os mais pobres ganharam mais. (…) Um país que faz isso melhora muito porque eleva gente que antes estava excluído do mercado. Pra ter direitos que eles não tinham antes, pra ter acesso a bens de consumo que eles não tinham antes, pra ter acesso a serviço. Então, eu acho que tem gente que não gosta muito que ao seu lado no avião sente uma empregada doméstica ou uma secretária, mas isso ocorreu no Brasil”, contou.

Israel e Palestina

A presidente falou também sobre a situação tensa entre Israel e Palestina e lamentou a declaração que o porta-voz israelense fez sobre o Brasil, de que se trata de “uma nação anã”.

“Eu acho que o que está ocorrendo na Faixa de Gaza é uma coisa muito perigosa. Não acho que é genocídio, mas acho que é um massacre. Há uma ação desproporcional. (…) Não é possível matar crianças e mulheres de jeito nenhum. (…) Lamento as palavras, as palavras às vezes, inclusive do porta-voz, produzem um clima muito ruim. Acredito que, nesse caso, nós temos que ser bastante prudentes”, disse.

Apesar de lamentar, Dilma não prometou nenhuma “consequência” à declaração do porta-voz israelense, e ainda disse que a ONU está “completamente certa” na decisão de impor um cessar-fogo.

Mais Médicos

Sobre o programa, Dilma afirmou que todos os países da América Latina aprovaram o fim das restrições à Cuba e que essa posição fundamentalista ao país é “um despropósito”. De acordo com ela, os médicos cubanos trouxeram algo novo ao Brasil.

“Todas as descrições das pessoas são sobre a humanidade do atendimento. Pegam no pulso, examina, olha com carinho. Então, eu acho que vai ter outra coisa que os médicos cubanos trouxeram pro Brasil: uma prática de medicina de alto grau de humanidade”, opinou.

Confira no áudio acima a íntegra da sabatina com a atual presidente da República, Dilma Rousseff.

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