Presidentes da Odebrecht e Andrade Gutierrez são presos em nova fase da Lava Jato

  • Por Reuters
  • 19/06/2015 14h31
A general view of the headquarters of Odebrecht, a large private Brazilian construction firm, in Sao Paulo in this November 14, 2014 file photo. Brazilian police on June 19, 2015, arrested Marcelo Odebrecht, the head of Latin America's largest engineering and construction company Odebrecht SA, local media said, pulling the most high-profile executive into the corruption investigation at state-run oil firm Petrobras. Federal officers had orders to arrest a total of 12 people in four states and bring them to the southern city of Curitiba where the investigation is based, according to a federal police statement that did not give the names of the detained. REUTERS/Paulo Whitaker/Files Reuters Odebrecht

A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira o proeminente empresário Marcelo Odebrecht, presidente da Odebrecht, o maior grupo de construção e engenharia da América Latina, em nova fase da operação Lava Jato.

Também foi preso, entre outros, o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques Azevedo.

Odebrecht e Andrade Gutierrez são duas das principais empreiteiras contratadas pela Petrobras, no centro Lava Jato que investiga sobrepreço de obras para pagamento de propina a funcionários da estatal, operadores que lavavam dinheiro do esquema, políticos e partidos.

O objetivo desta fase da Lava Jato é “trazer um recado claro de que a lei vale efetivamente para todos, não importa o tamanho das empresas, seu destaque na sociedade ou seu poder econômico”, disse em entrevista coletiva o delegado da PF Igor Romário de Paula.

“Há indícios bem concretos de que os presidentes (da Odebrecht e Andrade Gutierrez)… tinham o domínio de tudo que acontecia na empresa de uma forma geral”, afirmou o delegado.

Segundo Romário de Paula, em algum momento os presidentes de ambas as companhias “tiveram contato ou participaram de negociações que resultaram em atos que levaram à formação de cartel, direcionamentos de licitações e mesmo à destinação de recursos para pagamento de corrupção”.

Na 14ª fase da Lava Jato, policiais federais cumprem 59 mandados de prisão e busca e apreensão em quatro Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Segundo a PF, são 38 mandados de busca e apreensão, nove mandados de condução coercitiva, oito mandados de prisão preventiva e quatro mandados de prisão temporária.

O procurador Carlos Fernando Lima disse que o Ministério Público Federal não tem dúvidas de que as duas empresas capitaneavam o esquema de corrupção envolvendo a Petrobras.

A Odebrecht, que tem 200 mil trabalhadores e presença em 21 países e grandes contratos nas Américas e na África, disse entender que “estes mandados são desnecessários, uma vez que a empresa e seus executivos, desde o início da operação Lava Jato, sempre estiveram à disposição das autoridades para colaborar com as investigações”.

A Andrade Gutierrez afirmou não ter qualquer relação com os fatos investigados pela Lava Jato e disse estar prestando apoio a seus executivos. “A empresa informa ainda que está colaborando com as investigações no intuito de que todos os assuntos em pauta sejam esclarecidos o mais rapidamente possível.”

Diversos executivos de grandes construtoras, bem como ex-diretores da Petrobras e operadores do esquema, já foram presos no âmbito da Lava Jato por suposta participação no esquema de corrupção.

ESQUEMA SOFISTICADO

O esquema de pagamento de propina usado por Odebrecht e Andrade Gutierrez era mais sofisticado do que o de outras fornecedoras da Petrobras já denunciadas na Lava Jato.

Segundo a PF, os depósitos para pagamento de propina a diretores e gerentes da estatal, sobretudo envolvendo as áreas de Abastecimento e Serviços, eram feitos no exterior. A PF disse ter localizado empresas offshore que pagaram propina em nome de Odebrecht e Andrade Gutierrez, e que ainda há muitos valores a serem buscados fora do país para ressarcimento.

Segundo a PF, nesta última fase da Lava Jato foram avaliados contratos da Petrobras com a Odebrecht estimados em 17 bilhões de reais e com a Andrade Gutierrez totalizando 9 bilhões de reais.

Considerando sobrepreço de 3 por cento nos contratos informado por delatores, o desvio de dinheiro seria de cerca de 500 milhões de reais no caso dos contratos da petroleira com a Odebrecht e de 270 milhões de reais com a Andrade Gutierrez.

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