Presidentes da Odebrecht e Andrade Gutierrez são presos em nova fase da Lava Jato
A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira o proeminente empresário Marcelo Odebrecht, presidente da Odebrecht, o maior grupo de construção e engenharia da América Latina, em nova fase da operação Lava Jato.
Também foi preso, entre outros, o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques Azevedo.
Odebrecht e Andrade Gutierrez são duas das principais empreiteiras contratadas pela Petrobras, no centro Lava Jato que investiga sobrepreço de obras para pagamento de propina a funcionários da estatal, operadores que lavavam dinheiro do esquema, políticos e partidos.
O objetivo desta fase da Lava Jato é “trazer um recado claro de que a lei vale efetivamente para todos, não importa o tamanho das empresas, seu destaque na sociedade ou seu poder econômico”, disse em entrevista coletiva o delegado da PF Igor Romário de Paula.
“Há indícios bem concretos de que os presidentes (da Odebrecht e Andrade Gutierrez)… tinham o domínio de tudo que acontecia na empresa de uma forma geral”, afirmou o delegado.
Segundo Romário de Paula, em algum momento os presidentes de ambas as companhias “tiveram contato ou participaram de negociações que resultaram em atos que levaram à formação de cartel, direcionamentos de licitações e mesmo à destinação de recursos para pagamento de corrupção”.
Na 14ª fase da Lava Jato, policiais federais cumprem 59 mandados de prisão e busca e apreensão em quatro Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Segundo a PF, são 38 mandados de busca e apreensão, nove mandados de condução coercitiva, oito mandados de prisão preventiva e quatro mandados de prisão temporária.
O procurador Carlos Fernando Lima disse que o Ministério Público Federal não tem dúvidas de que as duas empresas capitaneavam o esquema de corrupção envolvendo a Petrobras.
A Odebrecht, que tem 200 mil trabalhadores e presença em 21 países e grandes contratos nas Américas e na África, disse entender que “estes mandados são desnecessários, uma vez que a empresa e seus executivos, desde o início da operação Lava Jato, sempre estiveram à disposição das autoridades para colaborar com as investigações”.
A Andrade Gutierrez afirmou não ter qualquer relação com os fatos investigados pela Lava Jato e disse estar prestando apoio a seus executivos. “A empresa informa ainda que está colaborando com as investigações no intuito de que todos os assuntos em pauta sejam esclarecidos o mais rapidamente possível.”
Diversos executivos de grandes construtoras, bem como ex-diretores da Petrobras e operadores do esquema, já foram presos no âmbito da Lava Jato por suposta participação no esquema de corrupção.
ESQUEMA SOFISTICADO
O esquema de pagamento de propina usado por Odebrecht e Andrade Gutierrez era mais sofisticado do que o de outras fornecedoras da Petrobras já denunciadas na Lava Jato.
Segundo a PF, os depósitos para pagamento de propina a diretores e gerentes da estatal, sobretudo envolvendo as áreas de Abastecimento e Serviços, eram feitos no exterior. A PF disse ter localizado empresas offshore que pagaram propina em nome de Odebrecht e Andrade Gutierrez, e que ainda há muitos valores a serem buscados fora do país para ressarcimento.
Segundo a PF, nesta última fase da Lava Jato foram avaliados contratos da Petrobras com a Odebrecht estimados em 17 bilhões de reais e com a Andrade Gutierrez totalizando 9 bilhões de reais.
Considerando sobrepreço de 3 por cento nos contratos informado por delatores, o desvio de dinheiro seria de cerca de 500 milhões de reais no caso dos contratos da petroleira com a Odebrecht e de 270 milhões de reais com a Andrade Gutierrez.
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