Primeiro dia dos desfiles no Rio tem Salgueiro, Viradouro e Mangueira como destaques

Escolas fizeram muitas homenagens ao próprio carnaval; São Clemente teve problemas

  • Por Jovem Pan
  • 23/04/2022 06h00 - Atualizado em 23/04/2022 09h51
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THIAGO RIBEIRO/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO Carro alegórico da Salgueiro. Carro alegórico da Salgueiro. Foto: THIAGO RIBEIRO/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO

O primeiro dia de desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro em 2022 trouxe a alegria já esperada para uma festa represada há dois anos, e muitas homenagens das escolas ao próprio Carnaval, de alguma forma. Os principais destaques foram Salgueiro, Mangueira, Viradouro e Beija-Flor; a Imperatriz Leopoldinense fez um desfile correto, enquanto a São Clemente teve diversos problemas e pode correr risco de rebaixamento, assim como já foi nos últimos anos, em que não obteve muito brilho.

Primeira a entrar na avenida, a Imperatriz Leopoldinense homenageou o carnavalesco Arlindo Rodrigues, responsável pelo primeiro título da escola em 1980, além de ter sido campeão em outras agremiações; por causa disso, a Imperatriz também homenageou outras escolas. O desfile foi correto, mas sem tanto brilho. Na sequência, a Mangueira interrompeu a sequência de dois desfiles com temas políticos e decidiu relembrar três grandes nomes de sua história: o compositor Cartola, o mestre-sala Delegado e o intérprete Jamelão. A comissão de frente chamou atenção, ao representar como três homens negros e periféricos se tornaram estrelas através do carnaval e da própria Mangueira. As alegorias foram outro ponto forte e o samba-enredo animou a arquibancada.

Carro alegórico da Imperatriz Leopoldinense

Carro alegórico da Imperatriz Leopoldinense. Foto: GILSON BORBA / FUTURA PRESS / FUTURA PRESS / ESTADÃO CONTEÚDO

O Salgueiro fez mais um desfile de luxo na sequência: com o enredo de ‘Resistência’, relembrou problemas trazidos pela escravidão que ainda persistem e o legado trazido pelos escravizados e seus descendentes ao Brasil, na identidade nacional e cultural (incluindo o próprio Carnaval). O samba-enredo caiu nas graças do povo e foi cantando em alto e bom som por quem estava na bancada. Os carros alegóricos também trouxeram muita beleza. A São Clemente veio logo depois, com uma homenagem a Paulo Gustavo, ator que faleceu durante a pandemia de Covid-19. A escola teve diversos problemas de ritmo e harmonia, um tripé que deveria servir como cenário para a comissão de frente não ligou a parte elétrica e outro carro teve parte de estátua quebrada ao passar debaixo do viaduto da Sapucaí – precisou ser consertada na avenida. Decisões criativas, como a de criar uma ala para dermatologistas, profissão do viúvo do ator, também causaram estranhamento.

Comissão de frente da Salgueiro

Comissão de frente da Salgueiro. Foto: THIAGO RIBEIRO/AGIF – AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO

Carro da São Clemente homenageia Dona Hermínia, personagem mais famoso de Paulo Gustavo

Carro da São Clemente homenageia Dona Hermínia, personagem mais famoso de Paulo Gustavo Foto: THIAGO RIBEIRO/AGIF – AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/AGIF – AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO

Atual campeã, a Viradouro demonstrou estar no páreo ao relembrar o Carnaval de 1919, considerado o maior da história por ser uma explosão de alegria após a pandemia de gripe espanhola, que também fez com que a festa tivesse que ser cancelada por um ano. As fantasias faziam muitas referências a esqueletos e caveiras ou a profissionais de saúde – a comissão de frente, por exemplo, foi de esqueletos e utilizou de bom humor. Um carro alegórico trouxe um pierrô de máscara e rosto triste, que girava e dava lugar um rosto sorridente, sem a proteção facial. A bateria foi animada e ousada, chegando a se ajoelhar na avenida.

Carro alegórico da Viradouro relembra o 'Chá da Meia-Noite', lenda de que ir ao hospital e se medicar contra a gripe espanhola causaria a morte

Carro alegórico da Viradouro relembra o ‘Chá da Meia-Noite’, lenda de que ir ao hospital e se medicar contra a gripe espanhola causaria a morte. Foto: THIAGO RIBEIRO/AGIF – AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/AGIF – AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO

A Beija-Flor finalizou o primeiro dia, com outro desfile que buscou enaltecer a cultura negra: o enredo foi “Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor”, relembrando a opressão, a escravidão, mas também destacando figuras históricas e contribuições dos negros ao mundo. A comissão de frente representou o início da escravidão, com o aprisionamento de pessoas. A velha guarda esteve as primeiras alas a entrar na avenida, e o carro abre-alas também trouxe idosos negros, como forma de valorizar a memória – a alegoria ainda trazia uma ave beija-flor que se movia. Outros carros e alas relembraram a cultura negra e intelectuais negros como Machado de Assis e Conceição Evaristo, com belas fantasias. Contudo, a escola teve problemas de harmonia, com um buraco entre algumas alas.

Comissão de frente da Beija-Flor representou início da escravidão

Comissão de frente da Beija-Flor representou início da escravidão – Foto: THIAGO RIBEIRO/AGIF – AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/AGIF – AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO

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