Primo de Alcolumbre é preso em operação da PF contra tráfico internacional de drogas

Ex-deputado nega irregularidades: ‘Não estou envolvido em nada com referência ao tráfico de drogas’; policiais apreenderam 95 veículos, entre carros, caminhões e motos, 3 aeronaves e 19 embarcações

  • Por Jovem Pan
  • 20/10/2021 14h35
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Facebook/Isaac Alcolumbre Imagem de frente do ex-deputado estadual do Amapá Isaac Alcolumbre Isaac Alcolumbre foi deputado estadual entre 2007 e 2015

O ex-deputado estadual do Amapá Isaac Alcolumbre, primo do senador Davi Alcolumbre (DEM-AL), foi detido na manhã desta quarta-feira, 20, em operação da Polícia Federal que investiga uma suposta organização criminosa que atua com o tráfico de drogas internacional. O intuito da Operação Vikare é combater os crimes de “tráfico transnacional de drogas, associação para o tráfico, organização criminosa e lavagem de dinheiro, que utilizava o Estado do Amapá como base operacional de suas atividades relacionadas à importação e transporte de entorpecentes por meio de aeronaves a serem distribuídas para diferentes pontos do país”. Durante as investigações, a PF apurou que o aeródromo, localizado na capital Macapá e pertencente a Isaac Alcolumbre, “fornecia apoio logístico” às aeronaves utilizadas para transportar as drogas, “como combustível para voos aos demais Estados brasileiros, bem como a outros países fornecedores da droga, como Colômbia e Venezuela”. Em nota, o parlamentar negou seu envolvimento na atividade e afirmou já ter informado à polícia sobre a sua suspeita de atividades criminosas no local.

“Nesta data fui alvo de uma operação da Polícia federal que apura ilícitos, dentre eles o tráfico de entorpecentes. Diante dos fatos que se encontram em apuração, venho a púbico informar a quem interessar possa que não estou envolvido em nada com referência a tráfico de drogas, e fiquem certo que provarei isso. Com relação a outras acusações, das quais ainda não tenho informações, faremos a defesa no momento oportuno”, disse o ex-deputado. “Tenho um hangar (aeródromo), onde recebo várias aeronaves diariamente, por vezes já comuniquei a polícia sobre suspeitas, inclusive proibido pouso e decolagem”, justificou Isaac Alcolumbre sobre o aeródromo. Além da detenção do ex-deputado, a PF cumpriu outros 23 mandados de prisão preventiva em nove Estados brasileiros. São eles: Amapá, Pará, Amazonas, Piauí, Ceará, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. Outros 49 mandados de busca e apreensão foram cumpridos nesta quarta.

Histórico da Operação Vikare

Segundo informações da PF, a ação teve origem em maio de 2020 quando movimentações suspeitas de aeronaves foram identificadas. Nas diligências, os agentes da polícia encontraram destroços de um avião de pequeno porte, que ficou atolado em uma região no município de Calçoene, no Amapá. A PF afirma que a aeronave foi destruída propositalmente por um incêndio causado para eliminar vestígios do crime. “Os policiais ainda perceberam que o avião estava adaptado para transportar drogas, semelhante ao que é feito com outros apreendidos em ações policiais Brasil afora. Ao lado dos destroços, foi encontrada uma vala, possivelmente para armazenar os entorpecentes transportados”, relata a PF. Os investigadores ainda apuraram que uma segunda aeronave posou no local para resgatar os tripulantes e a carga transportada na ocasião. O veículo utilizado para o resgate foi vendido a um indivíduo, que, em novembro de 2020, foi preso em flagrante na cidade de Ipixuna, no Pará, próximo a Paragominas, transportando 450kg de “skunk”, logo após deixar Macapá, saindo do aeródromo de Isaac Alcolumbre.

Com o aprofundamento do trabalho, a polícia chegou a uma “grande” e “articulada” organização criminosa. Ficou evidente ainda que empresas de “fachadas” de outros Estados participavam do esquema para ocultar e mesmo dissimular o dinheiro amealhado ilegalmente. De acordo com a PF, a organização criminosa possuía, na estrutura, mecânicos de aeronaves, pilotos, operadores financeiros responsáveis por transacionar os valores obtidos pelas atividades ilícitas, além de terceiros que recebiam quantias em contas pessoais e empresas, cujo objetivo era dar aparência de licitude aos valores obtidos com a prática criminosa. Além dos mandados de prisão e busca e apreensão, a Justiça Federal no Amapá impôs medidas de sequestro de bens, direitos e valores de 68 pessoas físicas e jurídicas. Foram apreendidos 95 veículos, entre carros, caminhões e motos, com proibição da transferência de propriedade; 3 aeronaves e 19 embarcações com indisponibilidade e restrição de uso; indisponibilidade de diversos imóveis em nome de 41 pessoas físicas e jurídicas; e bloqueio de ativos financeiros de pessoas físicas e jurídicas que chegam ao montante de R$ 5.800.000,00 . Os valores são individuais, ou seja, aplicados a cada envolvido.

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