Profissionais da saúde relatam falta de oxigênio em hospitais de Manaus

Governo do estado anunciou endurecimento das medidas para enfrentar colapso no sistema de saúde; Ministério da Saúde enviou 131 ventiladores pulmonares para o Amazonas

  • Por André Siqueira
  • 14/01/2021 15h21 - Atualizado em 14/01/2021 15h25
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Raphael Alves/EFE - 03/01/2021 Covid-19 Amazonas Decreto com endurecimento das medidas será publicado ainda nesta quinta-feira

O estado do Amazonas enfrenta o colapso do sistema de saúde por conta do aumento do número de casos de coronavírus e sofre com cemitérios lotados e falta de leitos e oxigênio nas unidades hospitalares. Na tarde desta quinta-feira, 14, o governador Wilson Lima (PSC) e membros do comitê de enfrentamento à Covid-19 anunciaram um decreto que proíbe a circulação de pessoas na capital, Manaus, entre 19h e 6h, como forma de conter o contágio. Em nota, o Ministério da Saúde afirma que providenciou o envio de 131 ventiladores pulmonares para o Amazonas e o recrutamento de 500 profissionais de saúde.

Entre as medidas anunciadas pelo governador Wilson Lima estão a suspensão do transporte coletivo de passageiros, o fechamento de todas as atividades não essenciais entre 19h e 6h e a permissão de circulação de pessoas que atuam em áreas estratégicas, como saúde, segurança pública e imprensa. O governo estadual também está atuando para garantir a transferência de pacientes para outros estados, entre eles, Goiás e Piauí. Na coletiva desta quinta-feira, 14, o secretário de Atenção Especializada à Saúde, coronel Luiz Otávio Franco Duarte, afirmou que o consumo diário de oxigênio no estado é de 76.500 metros cúbicos, enquanto a produção da empresa responsável pelo fornecimento é de 28.200 metros cúbicos. Há, portanto, um déficit diário de quase 50.000 metros cúbicos. Franco Duarte afirmou que, diante do cenário, está sendo criada a Operação Oxigênio para amparar o estado.

A Jovem Pan teve acesso a vídeos e áudios de profissionais de saúde que relatam falta de oxigênio e a necessidade de realizar ventilação manual de pacientes internados. Em um deles, um médico do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), de Manaus, afirma que não há cilindros de oxigênio no local e todos os pacientes estão sendo “ambuzados”, isto é, recebendo oxigenação de forma manual. “Pessoal, é o seguinte: o Getúlio Vargas está sem oxigênio e nós estamos com todos os pacientes sendo ambuzados. Se alguém puder ajudar a fazer o revezamento para ambuzar o pessoal, no CTI, no quinto andar, por favor. Estamos necessitando. Estamos com o Corpo de Bombeiros aqui no sexto andar, mas eles se recusam a fazer qualquer coisa, porque eles não recebem ordens de ninguém no Getúlio Vargas. A situação é essa. É crítica. Vamos lutar. Quem puder ajudar, vamos ajudar”, diz um funcionário, que pediu para ter sua identidade preservada, em uma mensagem de voz. Em outro vídeo, funcionários da policlínica Doutor José Lins, no bairro da Redenção, na capital, pede cilindros de oxigênios para socorrer pacientes internados.

Em nota, o Ministério da Saúde afirma que “trabalha constantemente no enfrentamento à pandemia da Covid-19” e que, na última semana, “providenciou o envio de 131 ventiladores pulmonares para o Amazonas – 78 apenas para Manaus -, além do recrutamento de mais de 500 profissionais de saúde e a abertura de novos leitos de UTI”. A pasta diz, também, que o Ministério da Defesa também coordena o transporte de 1.500 cilindros de oxigênio para o município. “A visita da Comitiva do Ministério em Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Manaus teve como objetivo conhecer a estrutura e o modelo local de assistência básica, como parte das ações de reforço ao plano de contingência do estado do Amazonas frente ao cenário epidemiológico. Além do apoio e suporte com leitos, insumos e medicamentos, o Ministério orienta a adoção do tratamento precoce. A medida é fundamental para evitar casos graves da doença. É muito importante que, diante de qualquer sintoma, as pessoas procurem atendimento médico para receberem as orientações adequadas”, afirma a nota.

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