Programa “Os Dois Lados da Moeda” debate balanço político do fim de semana
Marco Antonio Villa e Mauro Motoryn discutem o balanço político do final de semana e a governabilidade e propostas do governo federal.
Para Villa, a presidente Dilma “inicia seu mandato há tão pouco tempo e já está absolutamente isolada: sem base congressual, numa grave situação econômica, com impopularidade, sem confiança do setor econômico (…) e, por outro lado, sem condições políticas de gerir o seu próprio governo”.
Por isso, o comentarista acredita que “Lula, o seu criador, acaba assumindo a coordenação política do governo”, citando a participação do ex-presidente em ato em defesa da Petrobras no Rio de Janeiro, bem como suas articulações políticas em Brasília.
Villa lembra também que “nós estamos num compasso de espera aguardando a lista do Janot” e entende que a configuração política atual representa “um momento gravíssimo, o mais grave dos últimos 50 anos”.
Motoryn, por sua vez, entende que “o Brasil está parado, do ponto de vista federal” e reconhece que há um “problema sério do ponto de vista ético e econômico em Brasília, mas esse problema se reflete em todos os estados brasileiros”, lembrando que “17 estados não cumprem o que é previsto na lei de responsabilidade fiscal”.
Sobre os escândalos da Petrobras, Motoryn diz que “a lista de Janot imobiliza a Câmara dos Deputados” num momento importante de discussões para o Brasil.
“Estamos discutindo dois modelos políticos e econômicos e um deles é o modelo neoliberal, que se mostrou completamente fracassado”, opinou. Direitos trabalhistas precisam ser discutidos, avaliou. Motoryn vê “alternativas para alcançar o superávit primário, como a taxação de fortunas e outros mecanismos que poderiam ser discutidos por uma Câmara séria”.
Motoryn considera que a Câmara sofre “pressão pelos seus próprios erros”.
Villa, por sua vez, entende que é Dilma que sofre o revés de suas próprias decisões impróprias. “Ela pariu Mateus e ela que está embalando o Mateus”, disse em relação aos ajustes na economia, que seriam necessários por causa de falhas no primeiro mandato. “Esse é o caso único da história republicana de dois anos seguintes de recessão”, prevê.
Motoryn rebate citando entrevista do economista e ex-ministro da Fazenda Bresser Pereira à Folha de S. Paulo em que ele diz que “o ódio venceu o medo”. Para o comentarista, a “elite” não aprecia a modelo econômico que o povo deseja e elegeu. “Dilma cumpre o programa do Aécio, ela não está fazendo aquilo que o próprio partido dela prometeu”, critica também Motoryn, em relação às medidas de ajuste fiscal de Joaquim Levy.
Villa entende que Bresser foi infeliz em suas colocações e lembra que, em 1987, quando ministro, ele não conseguiu controlar a hiperinflação da época.
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