Propina que levou prefeito de Niterói a prisão era 20% do repasse de gratuidade nos ônibus
A prisão do prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, do PTD, foi articulada pela Operação Alameda, da Polícia Civil em parceria com o Ministério Público Estadual. Neves é acusado de cobrar propina de empresários de ônibus. Cerca de 20% do valor do que a prefeitura devia às empresas de ônibus pela gratuidade para estudantes, idosos e pessoas com deficiência eram desviados.
De acordo com o Ministério Público, os desvios aconteceram entre 2014 e 2018 e somam R$ 10,9 milhões. A delegada Ana Paula Faria, explicou que o prefeito atrasava propositalmente o pagamento aos empresários para então exigir propinas para que a prefeitura finalmente fizesse os pagamentos.
Os valores eram recebidos por Domicio Mascarenhas, que também foi preso nesta segunda-feira (10). As propinas eram entregues por representantes de dois consórcios de transportes coletivos, João Felix, da Transoceânica, e João dos Anjos, da TransNit. Os dois também foram presos hoje.
Faria detalhou ainda os valores pagos em propinas pelos consórcios de acordo com o ano:
Transoceânica
2014: R$ 316 mil
2015: R$ 4 milhões
2016: R$ 4,5 milhões
2017: R$ 12,6 milhões
2018: R$ 7,3 milhões
TransNit
2014: R$ 231 mil
2015: R$ 3,6 milhões
2016: R$ 4 milhões
2017: R$ 11,3 milhões
2018: R$ R$ 6,6 milhões
Delação premiada levou a prisões
A delegada explicou ainda que a investigação surgiu da delação premiada de Marcelo Traça, que é ex-presidente da Setrej e foi conselheiro da Fetranspor. Ele foi preso na Operação Ponto Final em julho de 2017.
“A partir da delação, nós iniciamos as investigações, aqui no âmbito do estado, para corroborar as declarações do Marcelo Traça no que diz respeito ao prefeito de Niterói. Nós pudemos apurar, através, principalmente de troca de mensagens de celular pelo aplicativo WhatsApp, de Rodrigo Neves, Marcelo Traça e Domicio Mascarenhas, marcando encontro para o recebimento de propina”, explicou Faria.
Os quatro presos responderão por corrupção ativa e passiva, além de organização criminosa e lavagem de dinheiro. A prefeitura de Niterói é apenas uma das investigadas, outras estão na mira da promotora Talita Harduin, do MP-RJ.
*Com informações da Agência Brasil.
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