Quatro líderes de movimentos de luta por moradia são presos em São Paulo

  • Por Jovem Pan
  • 24/06/2019 19h56 - Atualizado em 24/06/2019 20h10
Leon Rodrigues/SECOM As prisões foram solicitadas durante apurações referentes ao Edifício Wilton Paes de Almeida, que desabou após ser atingido por um incêndio em maio de 2018

Nesta segunda-feira (24), foram presas temporariamente quatro pessoas relacionadas à liderança de movimentos sociais de luta por moradia do Centro de São Paulo. O quarteto, acusado de extorsão contra residentes de um edifício ocupado na capital, foi detido por meio do cumprimento de ordens judiciais.

As prisões foram solicitadas durante apurações referentes ao Edifício Wilton Paes de Almeida, que desabou após ser atingido por um incêndio em maio de 2018. Segundo o delegado André Vinicius Alves Figueiredo, eram realizadas cobranças indevidas de aluguel no edifício. “Essa informação chegou através de cartas anônimas que foram enviadas à Delegacia Geral e a Secretaria da Segurança Pública, dando informações e pedindo apurações”, explicou.

Outras cinco pessoas tiveram a prisão autorizada pela Justiça, mas não foram localizadas. Elas têm cinco dias para se entregar. Duas seriam líderes do movimento que coordenava a ocupação do Edifício Wilton Paes de Almeida.

De acordo com a Polícia Civil de São Paulo, as prisões ocorreram para evitar que os acusados pudessem interferir nas investigações. Eles são Edinalva Silva Pereira e Angélica dos Santos Lima, do movimento Moradia Para Todos, e Sidney Ferreira da Silva e Janice “Preta” Ferreira da Silva, do Movimento dos Sem Teto do Centro.

Ainda de acordo com o titular, a investigação não está voltada ao movimento social em si. “O foco é uma parcela de pessoas que utilizam o movimento para desviar dinheiro. Testemunhas relataram que estavam sendo obrigadas a pagar quantias de até R$ 400 para hospedagem”, detalhou. “Havia ameaças e agressões físicas para aqueles que não pagavam e, segundo apontam, o dinheiro arrecadado não era voltado à benfeitoria do movimento”, completou.

O que diz o Movimento Sem Teto do Centro

Em nota, o Movimento Sem Teto do Centro, disse que “os advogados que acompanham o caso junto às lideranças, apontam a arbitrariedade da justiça em autorizar a prisão de lideranças que não estão envolvidas com o prédio que desabou, que não tinha nenhum movimento organizado e reconhecido em sua gestão”.

Além disso, afirmam que a mãe de Preta Ferreira, Carmen Silva, liderança do MSTC, foi inocentada pelo juiz Marcos Vieira de Morais, da 26ª Vara Criminal de São Paulo, “por ausência de provas por parte dos acusadores, mas sobretudo na farta apresentação de notas fiscais e atas que a liderança do movimento dos sem teto encaminhou ao processo e que comprovam a correta prestação de contas”.

Sobre o desabamento

Na madrugada de 1º de maio de 2018, um incêndio e um desabamento destruíram o Edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu. Um desastre que chocou o Brasil, deixou mortos, desaparecidos e desabrigados.

Segundo investigadores, a principal hipótese é de que o incêndio foi provocado por um curto-circuito no 5º andar. A tese tem como base depoimento da sem-teto Walkiria Camargo do Nascimento, que morava no barraco onde o fogo teria começado. No local, um microondas, uma geladeira e uma televisão estavam conectados a uma mesma tomada, que explodiu.

À polícia, moradores do Wilton Paes de Almeida afirmaram que a energia elétrica vinha de um “gato”, um conexão irregular com um semáforo.

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