Quem é João Santana, o marqueteiro que elegeu sete presidentes
O marqueteiro João Santana sempre se gabou por ter ajudado a eleger sete presidentes da República. Desbocado e ambicioso, mesmo antes da prisão temporária decretada na Lava Jato, já vinha enfrentando denúncias de enriquecimento ilícito e sempre tentava rebater as acusações de forma enfática.
“Eu não pago nada aos meus clientes. Eles que pagam para mim. Minha empresa hoje tem reconhecimento internacional pela qualidade de seus serviços. Elegemos sete presidentes de repúblicas, um recorde mundial”, vangloriava-se em vídeo divulgado pela sua empresa, Pólis Propaganda, em meados do ano passado (assista ao final do texto).
“Eu confio na Justiça, mas espero retratação futura pelos danos possíveis causados à minha imagem”, disse à época no final do vídeo.
Preocupado com a própria imagem, João Santana se notabilizou em cuidar da imagem dos políticos. Mas nem sempre foi assim. Nos anos 1970, o baiano João Santana foi letrista da banda Bendegó e atendia pelo apelido de “Patinhas” por cuidar com esmero do caixa estudantil.
Perfil e patrimônio
Nascido em 5 de janeiro de 1953, na cidade de Tucano (BA), ele virou jornalista e passou por redações como da revista Veja e O Globo. No entanto, ele abandonou a imprensa e começou a ganhar dinheiro com as campanhas eleitorais e sempre cobrou caro pelos serviços.
Nos últimos anos, João Santana virou alvo de denúncias e passou a explicar o aumento de patrimônio. O marketeiro tem apartamento, casas e fazendas na Bahia; comprou um imóvel em São Paulo e gosta e viajar com a esposa Mônica ao exterior.
Nas principais campanhas do PT, entre 2002 e 2014, a Polis Propaganda e Marketing, recebeu R$ 229 milhões. Do total, R$ 140 milhões vieram das campanhas da reeleição de Lula, 2006, e das vitórias de Dilma Rousseff, em 2010 e 2014.
João Santana entre Lula e Dilma durante campanha de 2010 (Roberto Stuckert/Divulgação)
João Santana também venceu outras quatro eleições fora do Brasil: El Salvador (Mauricio Funes, 2009), República Dominicana (Danilo Medina, 2012), Angola (José Eduardo dos Santos, 2012), e Venezuela (Hugo Chávez e Nicolas Maduro, 2012). Os valores nos trabalhos internacionais jamais foram informados. Aí está o problema.
Como escritor, publicou em 2002 um romance, intitulado Aquele Sol Negro Azulado. Ainda com a banda de rock Bendegó, Lançou seis LPs entre 1973 e 1989, além de participar de faixas de álbuns de artistas como Caetano Veloso.
João Santana está no sétimo casamento: a mulher atual, também presa na Lava Jato, é a sócia Mônica Regina Cunha Moura.
Em trecho do vídeo acima, Santana diz: “Tentar criminalizar uma internação de recursos beira ao ridículo, ainda mais quando ela foi feita via Banco Central e com acompanhamento rigoroso do compliance do Bradesco, pagando todos os impostos, repito: pagando todos os impostos. E melhor ainda: todos os recursos trazidos podem ser rastreados e aí vai ficar comprovado que nada foi entregue ao PT”.
Na capa do site oficial do Grupo Pólis, aliás, ainda consta uma mensagem-resposta em relação a reportagem da revista Veja de 16 de janeiro passado. A matéria de Rodrigo Rangel apontava que a força-tarefa da Lava Jato investigava Santana. “É perda de tempo procurar caixa 2 na Pólis, simplesmente porque o grupo recolhe todos os impostos devidos”, garantia há um mês o publicitário.
Santana e sua esposa devem depor ainda nesta semana à força-tarefa da Lava Jato.
Com matéria do repórter Jovem Pan Thiago Uberreich
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