Randolfe Rodrigues: Manifestações durante o ‘pico da pandemia’ não são ideais

  • Por Jovem Pan
  • 14/06/2020 17h38 - Atualizado em 14/06/2020 19h03
ANTONIO MOLINA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO Randolfe defende que protestos sejam retomados após a pandemia: "vai chegar o momento de ir para as ruas"

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) classifica o momento atual como inoportuno para manifestações nas ruas do país. Em mais um domingo em que atos foram registrados contra e a favor do governo de Jair Bolsonaro, o líder da oposição avaliou que o ideal é que “nenhum brasileiro fosse para as ruas” sob o risco de contágio pela covid-19.

“Eu quero que nós todos, juntos, possamos ir logo para as ruas, logo que passar a pandemia e a curva de contágio, quando todos estiverem seguros”, disse, em entrevista exclusiva concedida à Jovem Pan.

Randolfe exaltou, contudo, o tom pacífico dos protestos deste fim de semana. Um contraste com os registros dos últimos dias, segundo ele. “Respeito todos que foram, e pelo menos as manifestações foram pacíficas, – com exceção da lamentável cena que eu vi da noite de ontem, onde um grupo começou a atiçar fogos de artifício contra a sede do STF, ameaçando ministros da Suprema Corte”.

O senador se referia ao episódio ocorrido na noite de sábado, quando o grupo ‘300 do Brasil’, que teve seu acampamento desmontado pela polícia do Distrito Federal no mesmo dia, disparou fogos em direção ao edifício principal do Supremo, na Praça dos Três Poderes.

“Não é por ser ministro da Suprema Corte. Não está na ordem do Estado Democrático de Direito ameaçar qualquer cidadão, e falar de fechamento de instituições democráticas”, comentou. “Nos podemos ter todas as críticas, e eu as tenho, mas não podemos pedir o fechamento da instituição, porque seria o fechamento da própria democracia.”

Randolfe comentou ainda sobre a divisão da oposição. De um lado, a bancada do PT e do PSOL é mais ativa nas manifestações. De outro, Rede, PDT, PSB e Cidadania dizem que não é hora de ir para as ruas.

“Temos opinião de que vai chegar o momento de ir para as ruas, e o importante é que a gente vá para as ruas liderados pela sociedade civil, intelectuais, artistas, movimentos espontâneos, e de preferência tomando de volta essa bandeira que não pertence aos ditadores”, disse. “Nós não podemos reproduzir o discurso do presidente e de parte de seus seguidores”, completou.

Pós-pandemia

Questionado sobre a reforma tributária, Randolfe Rodrigues acredita que a discussão não terá espaço logo que a pandemia passar, por sua complexidade, e terá que ser precedida por medidas de contenção aos prejuízos causados pela covid-19 no Brasil.

“Vamos ter mais de 20 milhões de brasileiros desempregados e sem renda, todos os governos do mundo estão planejando socorrer os mais vulneráveis. Acho que a prioridade é garantir um programa de renda mínima. Eu não quero fugir ao debate da reforma tributária, ele é necessário, mas não vejo como conseguir tê-lo este ano. É complexo, envolve interesses regionais muito díspares. Por ser mais complexa das reformas, eu diria mais que a previdência, e nos já estamos no mês de junho, ainda enfrentando a pandemia, acredito que temos que criar uma medida completa no pós-pandemia para salvar as micro e pequenas empresas, e salvar os mais vulneráveis”, afirma.

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