Reforma é “gradual” e deixa pessoas de baixa renda de fora, diz Mansueto
O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto de Almeida Junior, defendeu nesta segunda-feira, 4, a aprovação da reforma da Previdência, como estratégia para fazer o ajuste fiscal cortando gastos. Para Mansueto, a atual proposta de reforma é “gradual” e deixa “totalmente as pessoas de baixa renda de fora”.
“Temos que fazer a reforma da Previdência. Não faz sentido as pessoas de aposentarem com 49 ou 50 anos de idade”, afirmou Mansueto, em palestra durante o seminário Reavaliação do Risco Brasil, promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
Segundo Mansueto, o Brasil tem hoje uma “rede de assistência social, um ‘welfare state’, típico de país desenvolvido”, que não existe em nenhum outro país emergente. Ainda assim, lembrou o secretário, as pessoas reclamam da qualidade dos serviços. O problema é que “mais da metade do nosso gasto com o social é com a Previdência”. “Isso não faz sentido porque o Brasil é um país jovem”, afirmou Mansueto.
O secretário defendeu o modelo de reforma enviado pelo governo. Segundo ele, a regra de transição leva 20 anos e “não muda em nada os programas assistenciais”, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
“É uma reforma gradual. Deixa totalmente as pessoas de baixa de renda de fora”, afirmou Mansueto, completando que dá para fazer o ajuste fiscal protegendo os mais pobres. Segundo o secretário, a rede de assistência social do Brasil é tão grande quanto a da Inglaterra, mas não distribui renda. Os recursos da Previdência, segundo ele, vão “para o meio da pirâmide” de rendimentos.
Mansueto argumentou que não adianta fazer o ajuste pelo lado da arrecadação. “A carga tributária no Brasil não é tão regressiva quanto uns pensam. Pode ser mais progressiva? Pode, mas não vai mudar muito”, afirmou o secretário, para em seguida concluir: “O grande problema não está na forma como o Estado tributa, mas na forma como devolve para a sociedade.”
Comunicação
Para o secretário, apesar de todos os esforços para conscientizar a população sobre a necessidade de reformas como a da Previdência, o governo ainda se comunica mal.
“De fato, o governo ainda se comunica muito mal”, reconheceu Mansueto. “Todos nós. Esse problema de comunicação acontece também na faculdade. Tem estudante de 20 anos que acha que não tem que fazer reforma da Previdência”, completou.
Segundo Mansueto, o País vive um momento difícil, em que a sociedade está muito polarizada.
“A gente devia ao menos ter maturidade e debater”, avaliou ele, durante o seminário promovido pela FGV.
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