Relator de denúncia contra Temer, Sergio Zveiter recoloca sobrenome sob holofotes
As atenções se viraram nesta semana para o deputado federal Sergio Zveiter (PMDB-RJ), que será o relator da denúncia pelo crime de corrupção passiva contra o presidente Michel Temer. O fato curioso é que essa não é a primeira vez que um Zveiter aparece como o centro das atenções no cenário brasileiro.
A família já é conhecida nos tribunais do país, mas no âmbito futebolístico. Por três vezes, polêmicas fora dos gramados tiveram o sobrenome Zveiter como pano de fundo.
Em 2005, o então presidente do STJD, Luiz Zveiter, irmão do deputado Sergio Zveiter, foi o responsável pela anulação de 11 partidas que foram apitadas por Edílson Pereira de Carvalho do Campeonato Brasileiro daquele ano, após o escândalo que ficou conhecido como “Máfia do Apito”.
“Decido anular as 11 partidas e determino que sejam realizadas novamente com os jogadores que integrem o plantel de cada equipe em datas a serem determinadas pela CBF”, anunciou Luiz Zveiter, em entrevista coletiva.
A decisão do então presidente do STJD é questionada até os dias de hoje pelos torcedores do Internacional, que acabaram vice-campeões brasileiros de 2005, perdendo a taça do nacional para o Corinthians. O time gaúcho se sentiu prejudicado com a decisão da entidade, pois seria campeão com a manutenção dos resultados originais.
Em 2013, novamente um Zveiter voltou às manchetes esportivas. Foi a vez do filho do ex-mandatário do STJD e sobrinho do deputado relator da denúncia contra Temer, Flávio Zveiter. Como presidente da entidade, Flávio esteve a frente do julgamento que tirou quatro pontos da Portuguesa no Campeonato Brasileiro de 2013 e rebaixou a equipe no lugar do Fluminense.
À época, torcedores da Portuguesa ainda tentaram recorrer com liminares que foram derrubadas pela CBF. Na visão de Zveiter, a ação da Confederação deixava claro que o tribunal havia acertado ao tirar os pontos do time do Canindé.
“O Judiciário tem chancelado e reiterado que a decisão da Justiça Desportiva foi correta. Não tenho a menor dúvida de que nós aplicamos a decisão que tinha de ser aplicada. O clube descumpriu com uma norma e, por conta disso, foi punido e ficou demonstrado que as normas têm de ser cumpridas”, disse o então presidente do STJD, Flávio Zveiter, em entrevista ao Estadão.
O agora deputado Sergio Zveiter também já esteve a frente de um caso polêmico quando presidiu o STJD, de 1988 a 1999. O caso do atacante Sandro Hiroshi, no Campeonato Brasileiro de 1999. O jogador sãopaulino foi denunciado por adulterar a documentação para “ser” mais novo do que realmente era, após o time da capital paulista aplicar uma sonora goleada por 6 a 1 no Botafogo, que rebaixaria o time do Rio de Janeiro.
Com isso, o time carioca entrou com uma ação e conquistou os três pontos, que o livrou do rebaixamento e mandou o Gama para a Série B. Mas o time do Distrito Federal não aceitou a decisão e entrou na briga para seguir na elite do futebol na Justiça comum, vencendo em todas as instâncias.
O imbróglio fez a CBF passar a organização do Campeonato Brasileiro do ano seguinte para o Clube dos 13, que foi chamado de Copa João Havelange, em 2000, e ficou dividido em quatro “módulos” ao invés de divisões. E todos os times dos quatro módulos tinham a possibilidade de conquistar o título no mata-mata.
Com a relatoria da denúncia de Temer, um Zveiter volta a protagonizar uma decisão importante nos tribunais brasileiros. Dessa vez, de dimensão ainda maior do que todas as outras. Sergio afirmou nesta quinta-feira que irá apresentar seu parecer sobre o caso do presidente na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados na próxima segunda-feira (10).
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